Como Trump ajudou os liberais no Canadá
O ex-banqueiro Mark Carney fez o Partido Liberal ressurgir politicamente apesar da baixa popularidade do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau

Nem mesmo a baixa popularidade de Justin Trudeau, que anunciou em janeiro que deixaria o cargo de primeiro-ministro, conseguiu levar os conservadores ao comando do Parlamento canadense na segunda-feira, 28, quando o país foi às urnas escolher novos representantes.
E parte do fracasso da oposição é atribuído ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na virada do ano, os conservadores estavam 20 pontos à frente nas pesquisas eleitorais.
Todavia, a popularidade dos liberais, cujo partido é liderado pelo primeiro-ministro Mark Carney, voltou a crescer com a saída de Trudeau e o retorno de Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro.
Efeito Trump
O presidente americano elevou as tarifas sobre o país vizinho, incluindo 25% sobre produtos que não cumprem o acordo Estados Unidos-México-Canadá, além de uma tarifa de 25% sobre automóveis e peças automotivas.
Trump também tem repetido um discurso sobre a anexação do Canadá, referindo-se ao país como o 51º estado americano.
A narrativa e o 'tarifaço' de Trump enfureceram os canadenses, com alguns até boicotando produtos americanos e viagens aos EUA.
Fique fora, Trump
Na reta final da campanha, o conservador Pierre Poilievre chegou a publicar no X um pedido para que o americano não se metesse na votação.
"Presidente Trump, fique fora da nossa eleição. As únicas pessoas que decidirão o futuro do Canadá são os canadenses nas urnas. O Canadá sempre será orgulhoso, soberano e independente e NUNCA seremos o 51º estado [americano]. Hoje, os canadenses podem votar pela mudança para que possamos fortalecer nosso país, nos mantermos firmes e enfrentar a América com uma posição de força", escreveu Poilievre.
O problema para Poilievre, como mostrou Crusoé, é que durante boa parte da campanha ele foi comparado a Trump.
Poilievre se aproveitou da proximidade enquanto ela lhe rendia apoiadores, mas, ao perceber o efeito negativo da aproximação para sua campanha, tentou mudar de curso.
Tarde demais
Ex-banqueiro e com pouca experiência eleitoral, Mark Carney acabou convencendo o povo canadense de que ele era o mais indicado para liderar a nação em meio às ameaças de Trump.
Em seu discurso da vitória, ele disparou contra o presidente americano.
"A América quer nossa terra, nossos recursos, nossa água, nosso país", disse o primeiro-ministro canadense.
"Estas não são ameaças vazias. O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca, nunca, jamais acontecerá. Mas também precisamos reconhecer a realidade de que nosso mundo mudou fundamentalmente", acrescentou.
Mesmo assim, ele prometeu se sentar com Trump para negociar um futuro acordo econômico e de segurança como "duas nações soberanas"
Carney também afirmou que enfrentaria a crise "com força positiva e avassaladora".
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