Síria: curdos sem autonomia, Rússia em retirada e aceno árabe
Relatório do Instituto para o Estudo da Guerra mostra os desenvolvimentos após a derrubada do ditador Bashar Assad
O Instituto para o Estudo da Guerra (Institute for the Study of War, ou ISW, em inglês), com sede em Washington, divulgou um relatório sobre a Síria (foto) na segunda, 23.
O governo interino dominado pelo grupo terrorista HTS se recusa a dar autonomia para os curdos, ao mesmo tempo que tem sido cortejado pelos países árabes.
Além disso, as forças russas que ajudavam o ditador Bashar Assad se retiraram de boa parte do país e se concentram hoje principalmente perto do Mediterrâneo.
Curdos
Treinado e financiado pela Turquia, que luta contra separatistas curdos, o HTS não admite dar poder aos curdos, que habitam principalmente o leste e o norte da Síria.
O governo interino liderado pelo HTS quer negociar o desarmamento dos curdos e se recusa a conceder qualquer autonomia aos seus representantes.
"O governo interino sírio liderado por Hayat Tahrir al Sham (HTS) declarou que discutirá mecanismos para desarmar e dissolver as Forças Democráticas Sírias (curdas), apoiadas pelos EUA", diz o relatório.
Um jornalista sírio teria dito que o governo interino "evitará quaisquer negociações para estabelecer um sistema descentralizado que conceda alguma autonomia às áreas governadas pelos curdos".
Árabes
Países árabes têm buscado influenciar a formação do novo governo.
Eles querem impedir o ressurgimento de grupos terroristas, como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, que são contrários aos governos árabes já estabelecidos.
Além disso, os árabes buscam reduzir a influência da Turquia, que é turca, e não árabe.
"Funcionários do governo interino sírio reuniram-se com vários funcionários árabes da Jordânia, Catar e Arábia Saudita em Damasco nos dias 22 e 23 de dezembro", diz o relatório do ISW.
O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, expressou apoio à elaboração de uma nova constituição síria.
O Catar, que não tinha relações com Bashar Assad, mostrou-se interessado em uma cooperação na área de energia e na reconstrução dos portos sírios.
Durante a guerra civil, o Catar, que é próximo da Irmandade Muçulmana, sunita, aproximou-se de grupos armados que lutavam contra Assad, que é alauíta.
Os sauditas têm oferecido principalmente cooperação econômica.
Rússia
Citando fontes de inteligência ucranianas, o ISW afirma que "as forças russas teriam se retirado completamente da maior parte das suas posições na Síria, incluindo a sua base em Qamishli, no norte da Síria".
Os russos estariam presentes agora "estão agora presentes apenas na base aérea de Hmeimim e no porto de Tartus".
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Comentários (1)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
2024-12-24 18:41:08Continuam existindo nuvens negras no horizonte da Síria.