Por que a Economist escolheu Bangladesh como país do ano
Revista britânica escolheu o país asiático por ter encerrado um "histórico de violência vingativa" ao derrubar Sheikh Hasina
Seguindo a tradição de todo fim de ano, a revista britânica The Economist escolheu Bangladesh como o "país do ano" de 2024.
A Economist explica que o critério utilizado pelos correspondentes "não é o lugar mais rico, mais feliz ou mais virtuoso, mas sim aquele que mais melhorou nos últimos 12 meses".
Em 2023, a Grécia conquistou o prêmio após sair de uma longa crise econômica.
Por que Bangladesh
A revista escolheu o país asiático após encerrar "um histórico de violência vingativa quando o poder mudou de mãos" e "derrubou uma autocrata".
Neste ano, a população foi às ruas de Bangladesh protestar contra Sheikh Hasina, que governou o país durante 15 anos.
"Filha de um herói da independência, ela já presidiu um rápido crescimento económico. Mas ela tornou-se repressiva, fraudando eleições, prendendo opositores e ordenando às forças de segurança que disparassem sobre os manifestantes. Enormes somas de dinheiro foram roubadas sob sua supervisão", diz a Economist.
Segundo a revista, o governo temporário liderado por Muhammad Yunus é apoiado por integrantes da sociedade civil.
Yunus é vencedor do Prêmio Nobel da Paz.
A reportagem, contudo, elencou as dificuldades da transição:
"Terá de reparar as relações com a Índia e decidir quando realizar eleições, garantindo primeiro que os tribunais são neutros e que a oposição tem tempo para se organizar. Nada disso será fácil. Mas para derrubar um déspota e tomar medidas em direcção a um governo mais liberal, o Bangladesh é o nosso país do ano."
Síria
A derrubada do regime de Bashar Assad, no início de dezembro, fez com que a Síria ocupasse a segunda colocação no ranking:
"A derrubada de Bashar al-Assad em 8 de dezembro pôs fim a meio século de ditadura dinástica depravada. Apenas nos últimos 13 anos, a guerra civil e a violência estatal mataram talvez 600 mil pessoas", diz Economist.
Para os correspondentes, a queda do regime "trouxe alegria aos sírios" e humilhação às ditaduras da Rússia e Irã.
Javier Milei e a Argentina
Citado em reportagem especial, o presidente Javier Milei voltou a ser lembrado pela Economist.
As medidas impopulares, elogiadas pela revista, catapultaram a popularidade do liberal.
"Um país pode ganhar o nosso prémio pela reforma económica. As políticas da Argentina têm sido terríveis há muito tempo, com gastos desnecessários, inflação elevada, taxas de câmbio múltiplas e incumprimentos em série".
Segundo a Economist, os cortes de gastos públicos resultaram na queda da inflação e no retorno do crescimento econômico.
Menções
Para The Economist, a nova administração de Donald Tusk na Polônia "passou o ano a tentar corrigir os danos causados pelo seu antecessor, o partido Lei e Justiça, que governou durante oito anos, corroeu as normas democráticas liberais ao capturar o controle dos tribunais, dos meios de comunicação social e das empresas."
A África do Sul também foi mencionada pela revista após o Congresso Nacional Africano (ANC) perder a maioria parlamentar desde 1994, que marcou fim do apartheid:
"Os eleitores estavam fartos do fracasso económico, agravado por altos funcionários do partido no poder. órgãos estatais."
Para a Economist, o ANC deve fazer uma coligação com a Aliança Democrática e tentar resolver os problemas de cidades e vilas.
Leia mais: "Mercado clama por reviravolta fiscal", diz The Economist"
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