Bezos está longe de ser único a evitar endosso de jornal nos EUA
Levantamento mostra que, pela primeira vez em muitos anos, a maioria dos jornais impressos não apontou seus favoritos à presidência dos Estados unidos
O bilionário Jeff Bezos (foto), fundador da Amazon, se tornou o foco de críticas na eleição americana deste ano ao defender publicamente sua opção por vetar que The Washington Post, de que é dono, endossasse uma candidatura na disputa pela presidência dos Estados Unidos.
Mas o maior jornal de Washington está muito longe de ser o único que optou pela neutralidade entre Donald Trump e Kamala Harris. Pela primeira vez em muitos anos, a maioria dos jornais preferiu não se posicionar, de acordo com levantamento publicado pelo site Axios (veja abaixo).
Segundo os autores do levantamento, a tendência, que se observa desde pelo menos 2020, reflete o aumento da polarização e o receio de retaliações políticas.
Entre os 100 maiores jornais impressos em circulação nos Estados Unidos, apenas o New York Post e o Las Vegas Review-Journal, ambos pertencentes a aliados de Trump, manifestaram apoio ao candidato republicano.
O ex-presidente tinha recebido sete endossos em 2020 — desta vez, o Arkansas Democrat-Gazette e o Boston Herald, que o apoiaram há quatro anos, optaram por não se posicionar.
Mudanças no mercado
Segundo o Axios, uma transformação estrutural no setor jornalístico contribuiu para a mudança. Muitos veículos outrora independentes ou de propriedade familiar foram adquiridos por grandes conglomerados midiáticos, frequentemente geridos por fundos de hedge ou grupos de private equity.
Essas entidades estariam optando por cessar os endossos presidenciais. A Tribune Publishing e a MediaNews Group, ambas sob a administração da Alden Global Capital, anunciaram que suas dezenas de jornais diários e centenas de semanais não mais fariam endossos presidenciais desde 2022.
A McClatchy, que pertence à Chatham Asset Management, decidiu não apoiar candidatos sem entrevistas prévias com ambos os concorrentes.
Além disso, a Gannett, maior proprietária de jornais diários nos Estados Unidos, comunicou recentemente que suas mais de 200 publicações diárias, incluindo o renomado USA Today, não endossariam candidatos presidenciais neste ciclo eleitoral.
Bezos
Em editorial publicado para justificar sua opção, Bezos chamou atenção para a crise de credibilidade dos grandes jornais: “A maioria das pessoas acredita que a mídia é tendenciosa".
"Qualquer um que não veja isso está prestando pouca atenção à realidade, e aqueles que lutam contra a realidade perdem. A realidade é uma campeã invicta. Seria fácil culpar os outros por nossa longa e contínua queda de credibilidade (e, portanto, declínio de impacto), mas uma mentalidade de vítima não ajudará", escreveu o dono doThe Washington Post no texto intitulado“A dura verdade: os americanos não confiam na mídia”.
"Reclamar não é uma estratégia. Devemos trabalhar mais para controlar o que podemos controlar para aumentar nossa credibilidade", constatou.
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