Declaração de Tarcísio sobre PCC é inconveniente e desnecessária
O prefeito Ricardo Nunes não ganhará votos com a fala do governador, mas isso será usado por seus rivais como evidência de jogo sujo na eleição
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (foto), foi considerado como um grande cabo eleitoral ao final do primeiro turno. Sua aposta na campanha do prefeito Ricardo Nunes se mostrou acertada e ajudou a cacifá-lo como o mais provável candidato da direita na eleição presidencial de 2026.
Neste domingo, 27, Tarcísio fez tudo o que não precisava. Sua declaração sobre o suposto apoio do crime organizado a um dos candidatos à prefeitura de São Paulo só lhe trará dor de cabeça, dará munição para seus rivais políticos e não trará um único voto a mais para Nunes.
Em entrevista coletiva, Tarcísio foi questionado sobre o Primeiro Comando da Capital, PCC, na capital paulista. Ele então disse que “houve interceptação de conversas e de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa, orientando determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Com o serviço de inteligência, houve essa interceptação”.
Ao ser questionado sobre qual candidato teria sido apoiado pelo crime organizado, o gvernador respondeu: "Boulos".
O trecho do vídeo em que Tarcísio faz essa declaração foi publicado na conta do governador do Instagram. "Para supresa de um total de zero pessoas", diz a mensagem que acompanha o vídeo.
Boulos respondeu em um vídeo gravado de dentro de um carro: "O governador Tarcísio, com Ricardo Nunes ao lado dele, acabou de fazer uma declaração grave, sem nenhum tipo de prova, dizendo que o PCC teria determinado voto em mim. Olha o nível".
O psolista comparou a fala de Tarcísio com a do ex-candidato Pablo Marçal, que divulgou na antevéspera do primeiro turno um laudo médico falso acusando Boulos de ter sofrido um surto psicótido pelo consumo de cocaína. "(A declaração) é o laudo falso no segundo turno, no dia da eleição, e usando a máquina na boca do governador do estado".
A acusação que Tarcísio fez, ainda que tenha sido feita no tom de uma informação de interesse público, não traz qualquer prova de uma ligação entre Boulos, sua campanha, seu partido e o PCC.
Se existe suspeita de algo assim, cabe ao Ministério Público de São Paulo investigar.
Mesmo que uma mensagem do PCC apoiando um ou outro candidato realmente tenha existido, isso não prova qualquer vínculo entre Boulos e grupos criminosos. Para tanto, seria preciso provar que Boulos teria pedido ajuda ou oferecido algum tipo de retribuição em caso de vitória.
Quando o governador traz essa suspeita no dia da eleição fica evidente seu propósito político.
Neste domingo e no futuro, sua frase será usada por políticos de esquerda para dizer que o governador joga sujo nas eleições. E isso no momento em que a esquerda apela com um vídeo gravado pela primeira-dama Janja e outras mulheres para acusar Nunes de violência doméstica.
E nada disso terá qualquer impacto na eleição municipal, pois Nunes aparecia nas pesquisas com uma boa folga.
"Não digo que tenha crime nessa história. Mas é muito inconveniente esse tipo de declaração pública, dado por uma autoridade pública no dia da eleição. Se o pedido de voto do crime organizado tivesse sido ao Nunes, certamente não teria havido a declaração", diz o advogado Alexandre Rollo, especialista em direito autoral.
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Comentários (1)
MARCOS ANTONIO RAINHO GOMES DA COSTA
2024-10-28 12:10:59EU ERA A FAVOR DE TARCISIO PRESIDENTE MAS DESCOBRI QUE ELE NÃO APOIA OS DEFICIENTES FÍSICOS, AO CONTRÁRIO, OS PREJUDICA. FORA TARCISIO. QUE ENTRE O CAIADO.