Por que Maduro antecipou o Natal
Ditador venezuelano quer que a população se esqueça da fraude eleitoral, cometida no final de julho
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro (foto), antecipou o Natal este ano para o dia 1º de outubro.
Professores das escolas primárias precisaram tocar músicas natalinas. Funcionários públicos tiveram o expediente abreviado.
O objetivo de Maduro é fazer com que os venezuelanos se esqueçam da fraude eleitoral do dia 28 de julho, da repressão à oposição e da fuga do presidente eleito, Edmundo González Urrutia, para a Espanha.
"Esse é o realismo mágico das ditaduras latino-americanas. Basicamente, Maduro está tentando fazer com que sua fraude eleitoral seja um fato consumado", diz o cientista político venezuelano José Guillermo Pérez, que vive em Campinas, interior de São Paulo.
Com essa ação festiva, Maduro quer mostrar que é ele quem está governando o país, sem qualquer freio institucional. Ele não precisa prestar contas a ninguém e pode fazer o que bem entender.
Maduro já antecipou o Natal em outras ocasiões.
Em 2020, ele estabeleceu que a data deveria ser celebrada em 15 de outubro. Naquele ano, o objetivo era fazer com que os venezuelanos se esquecessem dos mortos da pandemia de Covid, os apagões de eletricidade e a fome.
"Este ano, o objetivo principal de Maduro é fazer a população se esquecer da política", diz Pérez.
Crise de legitimidade
A fraude eleitoral foi exposta por membros da oposição na internet. Maduro, então, bloqueou a rede X, para evitar que as pessoas comentassem o assunto nessa rede.
Mais de 50 países assinaram uma declaração conjunta durante a Assembleia-Geral da ONU, na semana passada, cobrando uma solução para o impasse político no país.
O documento, que não contou com a assinatura do Brasil, afirma:
"Continuamos seriamente preocupados com a repressão generalizada e contínua, bem como com os relatos de abusos e violações dos direitos humanos após as eleições. Esses abusos incluem prisões e detenções arbitrárias (incluindo de crianças), mortes, recusas de garantias de julgamento justo e tácticas de intimidação contra a oposição democrática e outros membros da sociedade civil. No contexto da repressão violenta contra membros da oposição, um mandado de detenção por motivos políticos emitido em 3 de Setembro contra o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que, de acordo com os registos eleitorais disponíveis ao público, obteve o maior número de votos nas eleições de 28 de julho, forçou-o a abandonar o país."
Lula não citou a Venezuela em seu discurso na ONU na terça, 24. Ao ser questionado sobre a omissão, ele perguntou: "Por que tenho que falar sobre a Venezuela em todo lugar?".
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