EUA investigam transmissão entre humanos de nova cepa da gripe aviária
Indivíduos não tiveram contato com gado ou aves, vetores dos outros 13 casos registrados no país anteriormente
Os Estados Unidos investigam a possibilidade de que uma nova cepa agressiva do vírus H5N1, causador da gripe aviária, tenha sido transmitida entre pessoas pela primeira vez no país.
Os dois indivíduos afetados vivem na mesma casa, no estado do Missouri. Nem o primeiro a apresentar sintomas, nem o segundo, tiveram contato com animais criados em fazendas ou consumiram leite cru – os dois principais vetores conhecidos até agora para que a doença se desenvolva em humanos.
O primeiro paciente foi hospitalizado em 22 de agosto, com dor no peito, vômitos e diarréia. Ele tinha problemas de saúde preexistentes. O segundo indivíduo apresentou sintomas no mesmo dia, mas não foi hospitalizado e por isso o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos demorou a identificar a situação.
O mundo está enfrentando a pior epidemia de gripe aviária já ocorrida. Ela já matou centenas de milhões de aves selvagens e domésticas. Além disso, saltou para mamíferos, desde focas e leões-marinhos até bovinos em fazendas.
Nos Estados Unidos, 207 rebanhos de gado leiteiro foram infectados, em 14 estados. Antes da internação no Missouri, 13 pessoas haviam contraído o vírus, todas elas envolvidas com a pecuária. A ordenha de vacas e a ingestão de leite cru aumentam os riscos de infecção pelo H5N1, porque o vírus se acumula nas mamas dos animais e no próprio leite.
As autoridades americanas ainda tratam o caso do Missouri como isolado, visto que não houve outros relatos semelhantes desde a sua detecção.
Mas, em entrevista ao site médico especializado STAT, a diretora de Prevenção a Epidemias e Pandemias da Organização Mundial da Saúde, Maria Van Kerkhove, disse que o intercâmbio de informações entre órgãos que cuidam da saúde humana e da saúde animal precisa se intensificar.
"Para mim, este caso no Missouri é cientificamente fascinante. Não estou alarmada no sentido de pensar que esteja acontecendo uma transmissão eficiente de humano para humano. Mas a pessoa foi infectada de alguma forma", disse Van Kerkhove. "E se não houver investigação quando você tem um caso detectado em humanos — rastreamento para trás, rastreamento para frente, examinando os possíveis contatos com animais, indo ao ministério da agricultura, observando a vida selvagem, as aves, o gado leiteiro, os suínos — então não teremos um quadro completo."
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