Congresso do México aprova reforma contra autonomia do Judiciário
Controlado pela situação com maioria de dois terços, o Congresso do México aprovou uma reforma constitucional que impõe a eleição popular a mais de 6.000 juízes. A medida passou no Senado na madrugada desta quarta-feira, 11 de setembro, por 86 votos a 41. O período de campanha nestas eleições ao Judiciário está previsto para junho...
Controlado pela situação com maioria de dois terços, o Congresso do México aprovou uma reforma constitucional que impõe a eleição popular a mais de 6.000 juízes.
A medida passou no Senado na madrugada desta quarta-feira, 11 de setembro, por 86 votos a 41.
O período de campanha nestas eleições ao Judiciário está previsto para junho de 2025.
A reforma constitucional é uma bandeira levantada pelo presidente, Andrés Manuel López Obrador (foto), que deixa o cargo em outubro à sua sucessora a dedo, Claudia Sheinbaum (foto).
Ela venceu as eleições presidenciais de junho com cerca de 60% dos votos.
O atual mandatário, também conhecido por suas iniciais, AMLO, tentou aprovar a reforma do Judiciário duas vezes ao longo de seus seis anos no poder.
A primeira fracassou em 2022 por falta de votos e a segunda, no ano seguinte por decisão da Suprema Corte.
Leia mais em Crusoé: O que diz pesquisa do governo sobre 80% de apoio a reforma do Judiciário
Juízes entram em greve no México contra reforma de AMLO
Mais de mil juízes mexicanos, assim como seus auxiliares no Judiciário, estão em greve desde 20 de agosto contra a reforma de AMLO.
A paralisação veio com 1.202 votos favoráveis e 201 contrários dentro da principal associação de magistrados do país. Em estados como Michoacán e Oaxaca, juízes e funcionários do Judiciário saíram às ruas para protestar, chegando a bloquear ruas.
Os juízes são os primeiros críticos da proposta. "Não é possível que, sob a invocação da defesa da vontade popular, possa se defender o desconhecimento da ordem jurídica", disse a associação nacional de magistrados mexicanos (Jufed), "posto que nada contraria mais os interesses do povo do que a própria transgressão constitucional."
Qual é o problema da reforma do Judiciário?
O problema em se eleger por voto popular juízes das Cortes superiores é submeter o Judiciário à política.
Ao se tornarem também candidatos, os togados naturalmente iriam se aproximam dos partidos políticos com mais força nas urnas, os quais normalmente também são os que controlam o Executivo.
Uma vez que o posto no tribunal é conquistado, a chance de esse juiz evitar atritos com o governo é grande.
O Judiciário, então, deixa de fazer o controle do Executivo.
Além disso, aumenta o risco de decisões de algum dos poderes irem contra alguma minoria, pois o Judiciário já teria perdido a sua independência e, consequentemente, sua característica de atuação contramajoritária.
Leia também: México - vem aí um novo PRI?
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Comentários (2)
LUIZ
2024-09-12 23:27:54Tomara que os congressistas brasileiros tomem tbem essa descisao.
MARCOS ANTONIO RAINHO GOMES DA COSTA
2024-09-11 17:20:37ESTÁ NASCENDO MAIS UMA DITADURA.