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As duas caras de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, tem duas caras. Uma delas ele usa para falar com o Ocidente e dar entrevistas para jornalistas de grandes veículos. Para essa plateia, Abbas diz frases sensatas, como a de que grupo terrorista Hamas não representa os palestinos e que é culpado pela continuação da guerra na...

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Duda Teixeira
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Felipe Moura Brasil
6 minutos de leitura 16.08.2024 15:00 comentários 1
Abbas Haniyeh

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, tem duas caras.

Uma delas ele usa para falar com o Ocidente e dar entrevistas para jornalistas de grandes veículos. Para essa plateia, Abbas diz frases sensatas, como a de que grupo terrorista Hamas não representa os palestinos e que é culpado pela continuação da guerra na Faixa de Gaza. Ao se mostrar como alguém mais moderado, Abbas consegue abrir espaço para conversar com autoridades europeias e americanas.

 

Reprodução
Abbas com o secretário de Estado americano Antony Blinken, em fevereiro

 

A outra cara, muito mais autêntica, é a que ele usa para falar com palestinos e outros povos árabes, sem se preocupar com possíveis represálias. Com esse segundo rosto, Abbas conclama os palestinos para praticarem a violência e festeja os seus mártires.

Um vídeo divulgado pelo canal MEMRI TV, que monitora os canais do Oriente Médio, mostra Abbas discursando no Parlamento da Turquia na quinta, 15.

Na imagem, é possível ver Abbas rezando pela alma do "mártir" Ismail Haniyeh — o lider do grupo terrorista do Hamas eliminado no Irã.

O presidente da AP acusa Israel de “genocídio”, declara que “a América é uma praga” e revela que irá para a Faixa de Gaza e, de lá, para Jerusalém. “Estamos implementando a Lei da Sharia: vitória ou martírio”, disse Abbas.

Eis a tradução para o português de sua fala em árabe:

“Permitam-me, irmãs, irmãos, começar minha palestra com vocês tendo misericórdia das almas de dezenas de milhares de mártires que se levantaram em sua retidão, por causa da agressão de Israel e da guerra de genocídio e limpeza étnica que está travando contra nosso povo em Gaza, na Cisjordânia e em Al-Quds Al-Sharif, a última das quais foi o crime contra o líder mártir Ismail Haniyeh, e convido vocês, irmãos e irmãs, a ler Al-Fatiha sobre sua alma e as almas dos justos mártires da Palestina", disse Abbas. Nesse momento, ele é interrompido por aplausos.

Segue o discurso:

 

"Lemos Al-Fatiha e saudamos em particular a decisão da Turquia de se juntar à ação movida pelo Estado da África do Sul contra o genocídio cometido por Israel em Gaza perante o Tribunal Internacional de Justiça, bem como a sua decisão de suspender o comércio com Israel."

"Nestes dias, falam-se de cenários que estão sendo preparados aqui e ali para o chamado ‘dia seguinte’ à agressão e dizemos isso claramente e para que os que estão longe e de perto ouçam: que a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental são uma unidade geográfica que constitui o Estado palestino independente de acordo com as resoluções da ONU. Ele é gerido por um governo legítimo e, a menos que esse Estado palestino seja materializado e reconhecido, não haverá segurança e estabilidade na região."

"Dois terços da Faixa de Gaza estão completamente destruídos. Escolas, mesquitas, igrejas, instituições, ruas, tudo destruído, e o deslocamento completo de nosso povo lá, além de milhares de mártires e feridos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental."

"No entanto, os Estados Unidos da América usaram seu veto três vezes no Conselho de Segurança contra a demanda mundial de parar a agressão israelense na Faixa de Gaza. Três vezes o representante americano se levanta no Conselho de Segurança e usa o veto sozinho, enquanto outros 14 exigem a cessação das hostilidades. Esta é a América. A América é a praga e a praga é a América."

"O Estado da Palestina é o dono da jurisdição sobre a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e sua capital eterna, Jerusalém."

"Gaza é toda nossa, como a Cisjordânia e Jerusalém são nossas. Não aceitaremos soluções que separem qualquer parte da nossa pátria sob nenhuma circunstância. Declaro perante vocês e o mundo inteiro que não temos mais opções. A melhor solução e o que estou prestes a fazer... Também declaro diante do nosso povo palestino: decidi ir com toda a liderança palestina para Gaza e trabalharei com toda força para estarmos todos com nosso povo e parar essa agressão bárbara. Mesmo que custe nossas vidas. Nossa vida não vale mais que a de uma criança de Gaza ou do povo palestino, não somos mais valiosos. E nós seguimos a lei islâmica. Vitória ou martírio. Vitória ou martírio."

"Peço ao Conselho de Segurança — que não cumpriu 80 de suas resoluções — que garanta nossa ida a Gaza. E vamos. E vamos estar lá. E será meu próximo destino, ou seja, depois da Faixa de Gaza, se Alá quiser, depois iremos a Jerusalém, nossa capital.”

 

 

Ao dizer que irá para a Faixa de Gaza e, depois, para Jerusalém, Abbas está desafiando o governo de Israel. A entrada no enclave não é para qualquer pessoa e depende de uma autorização das Forças de Defesa de Israel, as FDI.

Há ainda o aspecto simbólico. Se Israel permitir a entrada de Abbas, seria como uma autorização para que a Autoridade Palestina voltasse a governar a Faixa de Gaza. Mas o governo israelense tem relutado em fazer isso, justamente por causa da aproximação entre a Autoridade Palestina e os terroristas do Hamas.

Abbas tampouco deve obter autorização para entrar em Jerusalém. Uma lei israelense de 1980 entende que a capital não pode ser dividida. Sendo assim, mesmo que Abbas planeje apenas pisar em Jerusalém Oriental, isso não seria permitido pelo governo israelense.

 

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Comentários (1)

Amaury G Feitosa

2024-08-17 08:00:04

A hipocrisia e o medo dos verdadeiros terroristas destruiu moralmente a nação palestina que queiram ou não o Hamas organização terrorista representa pçarte da nação e palavras ao vento não mudam a realidade dura e cruel . Israel estrategicamente usa esta fraqueza em seu favor, palestinos divididos são fracos, Israel unida é fortíssima.


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