O pastoso protesto que os franceses planejam contra as Olimpíadas
A 44 dias das Olimpíadas, um dos mais ambiciosos planos de Paris para os jogos não deverá ser concretizado: a limpeza do Rio Sena, que corta a cidade, não se mostrou suficiente, e o canal hídrico — que receberá parte da cerimônia de abertura — continuará sujo. Apesar disso, um trio de políticos franceses demonstraram...
A 44 dias das Olimpíadas, um dos mais ambiciosos planos de Paris para os jogos não deverá ser concretizado: a limpeza do Rio Sena, que corta a cidade, não se mostrou suficiente, e o canal hídrico — que receberá parte da cerimônia de abertura — continuará sujo.
Apesar disso, um trio de políticos franceses demonstraram um otimismo até certo ponto exagerado: Emmanuel Macron, o presidente francês, e Laurent Nuñez, responsável pela segurança de Paris, prometeram publicamente que vão nadar no Sena para provar que o rio está limpo. Macron já desistiu da ideia, mas a única que manteve a promessa foi a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo (foto) — indicando que faria isso em 23 de junho.
Nesse ponto, os franceses decidiram por uma forma diferente de protesto: prometeram jogar seu próprio cocô no rio mais famoso da França, para atrapalhar o nado dos políticos.
"Vou deixar de ir ao banheiro a partir de amanhã", escreveu um usuário do X, "e no dia 23 vou a Paris deixar 70 kg por lá no Sena. Encorajo cada cidadão a fazer o mesmo". O assunto ganhou o X (antigo Twitter) nas últimas semanas, e mesmo um site chamado "eu cago no Sena em 23 de Junho" ajuda interessados a descobrir quando jogar dejetos no rio, de maneira que estes atinjam a capital francesa na data indicada por Hidalgo.
Em uma cidade altamente politizada e conhecida mundialmente por suas manifestações, Paris não está entusiasmada com os jogos: uma pesquisa do instituto Viavoice em março desse ano mostrava que 57% dos parisienses estão desinteressados nos jogos. Não é incomum que anéis olímpicos de papel apareçam queimando em manifestações contra os gastos dos jogos.
E aí sobrou para o Sena, que sofre com problemas semelhantes ao Tietê, em São Paulo e ao Tâmisa, em Londres: a proximidade de uma cidade tão grande faz com que o rio seja destino de parte do esgoto produzido na cidade, além de rejeitos da produção industrial local. Há registros de que o Sena era usado no século 16 para a desova de corpos de mortos em manifestações e combates na cidade. Sua poluição é tamanha que o nado em suas águas é proibido desde 1923 — e ele foi declarado "biologicamente morto" nos anos 60.
Nos últimos 20 anos, no entanto, a qualidade da água no rio tem melhorado significativamente, e isso animou os organizadores dos jogos. Após um projeto que consumiu 1,5 bilhão de dólares em limpeza e tratamento do rio, ainda se mantém a intenção de realizar provas de natação em águas livres no rio, assim como provas de remo.
Macron disse em frente às câmeras que nadaria no rio — recusou-se a dizer quando. A prefeita de Paris já deu de lado: graças às fortes chuvas que atingem a bacia do Sena, Hidalgo adiou sua exibição pública nas águas da cidade em 7 dias. A resposta dos manifestantes? Se preparar para jogar os seus dejetos uma semana depois do originalmente planejado.
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