Como é crescer em Gaza sob domínio do Hamas
O palestino Hamza Howidy (foto), que cresceu na Faixa de Gaza e hoje vive no exílio na Alemanha, contou para a escritora e ativista Yasmine Mohammed sobre como foi crescer no território sob o domínio do Hamas. Na entrevista para o podcast de Yasmine, divulgada nesta terça, 4, ele falou sobre o antissemitismo ensinado nas...
O palestino Hamza Howidy (foto), que cresceu na Faixa de Gaza e hoje vive no exílio na Alemanha, contou para a escritora e ativista Yasmine Mohammed sobre como foi crescer no território sob o domínio do Hamas.
Na entrevista para o podcast de Yasmine, divulgada nesta terça, 4, ele falou sobre o antissemitismo ensinado nas escolas, os privilégios dados aos membros do Hamas e as punições para aqueles que criticam o grupo terrorista.
Antissemitismo na escola
"Nas escolas, nos ensinavam que a Palestina é apenas para os palestinos, que nunca moraram judeus aqui. Que nós (palestinos) temos direito às terras do rio ao mar."
"Há muitos professores nas escolas da UNRWA que são conhecidos por serem ligados ao Hamas. As pessoas deveriam compreender o quão perigoso é isso. Quando a guerra começou, dei uma olhada nas conversas nos grupos de professores no Telegram e fiquei chocado. Eles estavam celebrando o estupro de civis israelenses."
"Os palestinos precisam aprender sobre o Holocausto. Nossos livros de história ignoram tudo o que aconteceu aos judeus. Se você conversar com muitas pessoas de Gaza eles não sabem o que aconteceu. Eles nem sabem quem eram os nazistas. Eu, pessoalmente, não sabia, até ter 17 anos. Então, acho que é importante para a nova Autoridade Palestina, ou qualquer outro órgão que venha a governar Gaza, ensinar ao povo o que aconteceu aos judeus, para que possamos compreender o sofrimento, para que possamos compreender a sua história."
Universidade do Hamas
"Infelizmente, não há muitas universidades em Gaza. Estamos falando de três universidades. Eu fui estudar (contabilidade) na Universidade Islâmica de Gaza, que é dirigida pelo Hamas. Os líderes e os membros do grupo estudam lá. Eles aprendem a odiar não apenas os judeus ou os israelenses, mas também os cristãos, até mesmo os muçulmanos seculares. Foi um pesadelo para mim estudar lá durante anos e ter de baixar a cabeça. Eu até consegui me formar na Universidade. Pensei que minha vida seria melhor depois do diploma. Na verdade, foi pior."
Trabalho, só para terrorista
"Quando me formei na universidade, achava que eu era bom na minha área. Eu fui o terceiro na minha classe, então pensei que teria um emprego. Eu queria começar a construir meu futuro. Me candidatei a vários empregos. Todas as vezes, eu passava na entrevista e nos exames, mas fui rejeitado todas as vezes. Eles não contratam ninguém para cargos no setor público que não seja membro do Hamas. Eu estava em uma armadilha."
Discriminação
"Eles construíram uma sociedade em duas camadas. Há uma elite do Hamas, com seus membros e apoiadores. E há os civis restantes em Gaza. Eu olhava para meus amigos que se juntaram ao Hamas... Minha casa ficava perto da casa de Ismail Haniyeh, em Gaza. Dá uns 10 ou 15 minutos a pé. Então eu pude testemunhar como ele foi ficando cada vez mais rico, até escapar de Gaza e ir morar nos hotéis do Catar. Sempre soube que muitos dos meus amigos que se juntaram ao Hamas começaram a ter carros, apartamentos para morar após o casamento e eu ficava sem nada."
Repressão
"Em 2019, começamos a protestar por melhores condições de vida, por mais empregos e por uma reconciliação entre o Hamas e o Fatah. Infelizmente, o Hamas respondeu enviando suas milícias para nos espancar. Todos ficaram assustados porque eles atiraram diretamente contra nós. Então, nós saímos das ruas. Fui preso por três semanas. Minha família conseguiu pagar um preço para os funcionários do Hamas, cerca de 3 mil dólares, para eles me tirarem da prisão. Depois, nós protestamos novamente nas ruas. Desta vez, o Hamas foi mais brutal. Eu fui torturado por quatro meses. Novamente, minha família teve de buscar dinheiro para comprar a minha libertação."
Censura nas redes sociais
"Uma vez, eu escrevi uma mensagem no Facebook. Uma hora depois, eles me ligaram e falaram que, se eu não apagasse a mensagem, seria preso. Eu não tinha dito nada de mal sobre eles. Estava apenas criticando uma política de cobrar tarifas extras na fronteira com o Egito."
Isolamento do mundo
"Quando você cresce vendo a propaganda deles desde o jardim de infância até morrer, então é muito difícil. Você se sente culturalmente isolado do mundo exterior. Não conhecemos a cultura do Ocidente, os seus princípios, nem falamos de direitos humanos."
Al Jazeera
"Quando nós protestamos em 2019, os jornalistas da Al Jazeera não cobriram a manfiestação. Em 2023, eles também não cobriram. Mesmo quando, durante a guerra, os palestinos pediram para o Hamas libertar os reféns, eles não cobriram. É uma hipocrisia. Eles odeiam os israelenses mais do que amam os palestinos."
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Comentários (5)
100413CAIO02
2024-06-05 11:28:27Não é de se estranhar o ódio que a maioria dos palestinos sentem por Israel, é uma lavagem cerebral desde a infância. Creio que este ódio perdurará por muitos e muitos anos!
Franco
2024-06-04 18:13:33Sua mentalidade está acima da dos assassinos. Se estiver no Brasil, não varpros extremos, pir favor. ESQUERDA/direita, tudo infame.
Franco
2024-06-04 17:51:46Corajosa declaração, meu jovem. Quem o proteja dos assassino.
clePTomaniaco
2024-06-04 17:43:40Apesar das torturas, dos assassinatos de civis do ódio aos homossexuais, da intolerância religiosa e dos estupros praticados pelos membros do Hamas, os ditos movimentos sociais progressistas estão calados. Haja hipocrisia!
Franco
2024-06-04 17:21:37Tudo isso verdade. Não. Nunca. Acordo não. ZISRAEL FORTE.