Morte de Raisi sepulta plano para suceder Khamenei
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi (na foto, à direita), morreu em um acidente de helicóptero neste domingo, 19. Como presidente, sua importância estava principalmente ligada a questões de política interna. Raisi, contudo, estava sendo preparado para suceder o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei (à esquerda, na foto). Por causa disso, sua...
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi (na foto, à direita), morreu em um acidente de helicóptero neste domingo, 19.
Como presidente, sua importância estava principalmente ligada a questões de política interna.
Raisi, contudo, estava sendo preparado para suceder o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei (à esquerda, na foto).
Por causa disso, sua morte ganha contornos muito maiores.
O que faz o líder supremo do Irã?
É o líder supremo que toma as decisões que mais preocupam o Ocidente, como decidir se o Irã irá completar a produção da bomba nuclear ou não. Caso essa decisão seja tomada, o país teria o combustível para a sua primeira bomba em menos de duas semanas.
É o líder supremo também quem comanda Guarda Revolucionária, que tem como uma de suas principais atribuições garantir a sua proteção.
Além disso, a Guarda Revolucionária espalha o terror no Oriente Médio e no resto do mundo, financiando grupos como o libanês Hezbollah e o palestino Hamas.
São funções muito sensíveis, que atualmente estão a cargo de Khamenei.
Mas Khamenei está com 85 anos, e já teve vários problemas de saúde. Ele já foi tratado de câncer de próstata. Nos últimos dois anos, cancelou sua presença em vários eventos públicos por problemas de saúde.
O regime, então, escolheu Raisi para suceder Khamenei.
Como se trata de uma transição de poder da máxima importância, que ocorre depois de vários protestos nos últimos cinco anos, os candidatos menos radicais foram barrados na última eleição, em junho de 2021, para deixar o caminho totalmente livre para Raisi.
Por que Raisi foi escolhido para suceder Khamenei?
Raisi reunia diversas qualidades que sinalizavam para uma manutenção das estruturas de poder, caso ele viesse a assumir o cargo de líder supremo.
Em primeiro lugar, ele foi o escolhido pelo próprio Khamenei para assumir o seu lugar e vinha sendo preparado por ele.
Em 2019, Raisi foi nomeado por Khamenei como chefe do Judiciário do Irã. Como tal, tornou-se o responsável direto pelo tratamento cruel dado aos prisioneiros de consciência. Os métodos de tortura incluem estupros, testes de virgindade, privação de sono, choques elétricos, golpes e queimaduras no corpo.
Era uma pessoa próxima da Guarda Revolucionária e que conhecia muito bem o "estado profundo" iraniano.
Em 1988, Raisi integrou duas "comissões da morte" que tinham entre três e quatro integrantes e julgavam os opositores que estavam nas prisões de Evin e Gohardasht.
A Guerra Irã-Iraque estava terminando e um grupo de oposição, o Mujahedeen-e-Khalq (MEK), armado pelo iraquiano Saddam Hussein, realizou um ataque frustrado na fronteira. Em seguida, o aiatolá Khomeini ordenou a execução de todos os opositores políticos que estavam encarcerados.
Estima-se que ao menos 5 mil foram mortos. Algumas estatísticas falam em 30 mil vítimas fatais. A maioria pertencia ao grupo MEK, mas havia também muitos marxistas e integrantes de grupos de esquerda.
Para decidir quem seria morto e quem viveria, os juízes das comissões da morte perguntavam se as pessoas rezavam ou se estavam dispostas a remover uma mina terrestre pela República Islâmica. Aqueles que diziam não ser religiosos ou que não eram considerados leais ao governo eram executados no mesmo dia por enforcamento ou por pelotão de fuzilamento. Entre as vítimas havia mulheres e crianças com 13 anos. Seus corpos foram enterrados em valas comuns.
Seyed
Até morrer neste domingo, 19, Raisi tinha reunido todas as características que seu mentor Khamenei tinha quando assumiu o lugar de Khomeini.
Ele já tinha exercido a presidência do país e era um seyed, aqueles religiosos que usam o turbante preto.
Na tradição xiita, que valoriza os laços sanguíneos, a preferência para os cargos maiores recai sobre os seyed, que são considerados descendentes de Maomé.
Tudo sob controle?
Após a morte de Raisi, Khamenei deu declarações tentando mostrar que tudo está sob controle.
"O povo do Irã não deve ficar ansioso ou preocupado. Nenhuma interrupção ocorrerá nos assuntos do país", disse o líder supremo.
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Comentários (2)
Odete6
2024-05-21 08:20:14O que tinha que ser sepultado mesmo é todo esse núcleo de dementes, de celerados primitivos, em nome da LIBERDADE DO POVO IRANIANO!!!
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2024-05-20 18:39:35Até quando o povo iraniano vai ter que aguentar os ayatolás? Ebrahim Raisi era um grande amigo de Lula...