Latitude#63 Teaser: Bukele é um salvador?
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que busca a reeleição neste domingo, 4 de fevereiro, é notório por sua política de segurança pública. Sob o pretexto de combater as gangues de narcotraficantes, que fizeram do país o mais violento das Américas nas últimas décadas, Bukele conduz um Estado policial. Em regime de exceção desde...
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que busca a reeleição neste domingo, 4 de fevereiro, é notório por sua política de segurança pública.
Sob o pretexto de combater as gangues de narcotraficantes, que fizeram do país o mais violento das Américas nas últimas décadas, Bukele conduz um Estado policial.
Em regime de exceção desde março de 2022, El Salvador é palco de prisões arbitrárias em massa.
Segundo estimativas do governo, 70.000 pessoas foram presas nesse contexto. Isso equivale a 2% da população do país.
O governo de Bukele ainda construiu o maior complexo penitenciário de segurança máxima do continente em Tecoluca (foto), com capacidade para 40.000 presos.
O jornalista salvadorenho Saúl Hernández Alfaro, diretor de redação do site Focos, fala sobre esse cenário no episódio do podcast Latitude deste sábado, 3 de fevereiro.
Hernández Alfaro afirma que a violência nas ruas diminuiu, mas às custas de vidas inocentes.
"O governo começou a prender pessoas que não necessariamente tinham ligação com gangues", diz o jornalista ao Latitude.
"O regime de emergência e a situação nas prisões do país levaram a torturas e mortes dentro das prisões. E, entre essas pessoas torturadas ou mortas, há pessoas inocentes", acrescenta.
Hernández Alfaro relata que a população passou a temer o Estado policial e alguns inocentes que conseguem ser liberados de prisões não voltam às suas residências por medo de voltarem a ser injustamente detidos, algo comum.
O jornalista também explica que as prisões em massa não estão no cerne da redução da violência na rua, apesar de essa ideia ser martelada pela propaganda de Bukele.
Segundo Hernández Alfaro, o que mais contribuiu para a redução da violência foram as negociações paralelas, e logo corrupção, entre Bukele e as gangues narcotraficantes.
"O presidente faz a população acreditar que essa redução de assassinatos é resultado do regime de emergência ou de políticas públicas, mas basicamente o que existe é negociação com gangues", diz o jornalista, que cita as autoridades do governo ligadas ao crime organizado.
O problema dessa estratégia, para além da ética, é que ela não se sustenta a longo prazo.
"Ninguém além do governo sabe como o governo negociou, o que falou com as gangues. E isso é um problema. Quando esse governo não estiver mais aqui, pode voltar ao ponto anterior a março de 2022", afirma Hernández Alfaro.
Ainda no Latitude deste sábado, o jornalista expõe como Bukele aparelhou o Judiciário para concorrer nas eleições deste domingo, apesar de a Constituição de El Salvador proibir a reeleição direta.
Hernández Alfaro também explica como o atual presidente surgiu na política salvadorenha a partir do cansaço da população com a falta de segurança e com os partidos políticos tradicionais.
O Latitude é um podcast semanal sobre os principais fatos da política internacional e da diplomacia brasileira que vai ao ar todos os sábados, às 18h.
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