Latitude#59: caem os mitos da Revolução Cubana
A ditadura cubana completou 65 anos no último dia 1º de janeiro. Essa longevidade é explicada por uma cruel repressão interna e pelo apoio de outros países, como da União Soviética, da Venezuela e do Brasil. Nesse tempo, o aparelho de propaganda comunista também propagandeou alguns mitos para amansar os cubanos que ficaram na ilha,...
A ditadura cubana completou 65 anos no último dia 1º de janeiro. Essa longevidade é explicada por uma cruel repressão interna e pelo apoio de outros países, como da União Soviética, da Venezuela e do Brasil. Nesse tempo, o aparelho de propaganda comunista também propagandeou alguns mitos para amansar os cubanos que ficaram na ilha, como o de que eles vivem em uma democracia ou de que o país goza de serviços públicos de qualidade, principalmente na área da saúde. Esses mitos já não resistem mais.
"Em Cuba, não vivemos em uma democracia há 65 anos", diz a historiadora de arte cubana Carolina Barrero, que vive exilada em Madri. Colaboradora da Fundação Direitos Humanos em Cuba, Carolina é a convidada do podcast Latitude desta semana.
"Existe uma situação de crise humanitária profunda em todos os níveis, o que torna a situação verdadeiramente insustentável. A mentira totalitária, a ficção totalitária, o mito da revolução que durante essas seis décadas foi exportado pela máquina de propaganda do castrismo foi completamente quebrado. Não há nada mais que possa ser usado para justificar a grande mentira que foi a Revolução Cubana", diz a dissidente.
Segundo Carolina, todos os cubanos hoje recebem notícias pelos celulares das prisões de cidadãos, principalmente das que ocorreram após os protestos contra a ditadura no dia 11 de julho de 2021. A ilha comunista hoje tem mais de mil presos políticos. "Não há outro país latino-americano que tenha um número próximo do número de presos políticos em Cuba", afirmou Carolina. Mesmo assim, o povo cubano continua reclamando do autoritarismo. "Continuamos assistindo a protestos envolvendo entre 100 e 200 pessoas, que não acontecem todos os dias, mas estão aí latentes. Na verdade, todos sabem que um protesto pode acontecer a qualquer momento. É algo como se estivesse no ambiente."
Quando a conexão de internet cai em Cuba, os cubanos imediatamente associam isso ao medo do regime de que um novo protesto se espalhe. "Quando a internet é derrubada (... ), as pessoas sabem que alguém deve estar protestando em algum lugar. Eles tiram a internet sempre que alguém protesta. O regime faz isso para que a notícia não se espalhe e mais pessoas queiram se unir ao protesto."
Carolina também comentou o envio de cubanos para lutar na Ucrânia. "Foi descoberta uma rede de tráfico de pessoas que envia cidadãos cubanos para que eles lutem no front da guerra ucraniana pelo lado russo. Fala-se que em torno de mil pessoas foram enviadas dessa forma. O regime cubano inicialmente negou. Depois, o embaixador cubano em Moscou disse que, se isso estava sendo feito de acordo com os procedimentos, não haveria razão para impedir que acontecesse", diz Carolina.
Ela lembra que esta não é a primeira vez em que Cuba envia soldados para lutar guerras em outras partes do mundo. "Cuba já fez isso na África, em Angola, na Etiópia, nas guerrilhas latino-americanas, ou seja, esse não é um comportamento isolado." Com esses envios de soldados, a ditadura se enriquece. "Cuba sempre esteve disposta a enviar cubanos em troca de dinheiro." A Rússia, por sua vez, tenta com isso evitar o recrutamento de mais soldados russos, o que gera resistência entre as famílias.
Outro tema da conversa foram as missões médicas, como o Mais Médicos, criado durante o governo da petista Dilma Rousseff. Carolina alertou para a situação de escravidão desses profissionais e questionou o posicionamento do presidente Lula sobre o tema.
"Quando esses médicos são levados para Brasil, México ou para a África, para qualquer lugar do mundo, seus direitos fundamentais e trabalhistas são retirados. Primeiro, o passaporte deles é retirado. Eles são custodiados. Não têm liberdade de circulação dentro desses países. Não podem interagir livremente com outras pessoas. E são induzidos a fazer propaganda política onde quer que eles vão. Então eles são usados para fazer proselitismo político dentro desses países. O salário deles é reduzido. A ditadura chega a tirar até 90% do salário. Então também se pode dizer que é uma forma de escravidão moderna", diz a cubana. "Essa condição de escravidão deveria ser impensável para alguém como Lula, que defende os sindicatos, os trabalhadores. Como pode Lula permitir que os trabalhadores cubanos sejam tratados dessa forma no Brasil?"
Latitude é um podcast semanal sobre os principais fatos da política internacional e da diplomacia brasileira que vai ao ar todos os sábados, às 18h.
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Comentários (6)
José Roberto Rezende Fully
2024-01-07 14:49:45Lula vai se fazer de desentendido como sempre. Dirá que os Estados Unidos estão por trás desse suposto envio de tropas cubanas p/ lutar na Ucrânia a favor da Rússia.
Odete6
2024-01-06 22:24:48Pois é, gado é gado, e gado é o que não falta para dar crédito fanático a essas excrescências de subespécie, viabilizando-as.
Rosele Sarmento Costa
2024-01-06 19:39:43Parabéns, Duda Teixeira e Caio Mattos pela excelente entrevista com a Carolina, cubana exilada em Madrid. Pobre povo cubano, sem direito à liberdade. Lula quer fazer no Brasil uma ditadura?
Marcia Elizabeth Brunetti
2024-01-06 19:00:25Acho que devemos torcer para que Castro deixe este mondo o quanto antes. Será a oportunidade do povo cubano conseguir se desvencilhar do modelo comunista. O Brasil ganhará também na medida em que os petistas poderão conhecer os horrores que o povo cubano viveu durante a ditadura. Acabará o lindo sonho dourado de comunismo como querem florear os esquerdistas políticos e intelectuais de esquerda. Espero ver este fato acontecendo.
Francisco fontenele tahim
2024-01-06 17:28:06O lula é um covarde, mentiroso, corrupto. Um carcer no corpo do Brasil. Veja o ca dos atletas cubanos que fugiram nos jogos olimpicos aqui. Lula mandou prender e devolveu pra cuba INFAMIA.
Rita de Cássia Wilbert
2024-01-06 14:48:51Como pode haver pessoas que acreditam em lula?