Latitude#51: o Hezbollah e o Líbano na guerra atual
Um dos principais temores na atual guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas é o conflito envolver o Líbano. Isso poderia ocorrer caso o Hezbollah, um grupo terrorista xiita libanês, declarasse uma guerra total para apoiar o Hamas. Por ora, isso não ocorreu, mas a possibilidade existe, pois tudo depende de uma decisão do...
Um dos principais temores na atual guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas é o conflito envolver o Líbano. Isso poderia ocorrer caso o Hezbollah, um grupo terrorista xiita libanês, declarasse uma guerra total para apoiar o Hamas. Por ora, isso não ocorreu, mas a possibilidade existe, pois tudo depende de uma decisão do Irã.
Para Karina Stange Calandrin, graduada em relações internacionais e autora do livro Bom dia, Líbano, o Hezbollah ainda não entrou para valer na guerra porque a causa do grupo é outra, diferente da dos palestinos. "Eles sabem que, se entram na guerra de maneira mais incisiva, isso vai escalar o conflito. Vai virar um conflito regional. E vai interferir no Irã, que não tem interesse nisso agora", diz Karina.
Segundo ela, o Irã financia grupos como o Hezbollah, o Hamas, os houthis no Iêmen e milícias xiitas no Iraque e na Síria para que eles lutem a guerra que o Irã não quer lutar. "Eles conseguem enfrentar Israel sem precisar que o Irã entre na guerra. Uma guerra envolve gastos de dinheiro, perdas humanas, e o Irã não está com a economia tão boa assim para entrar numa guerra neste momento contra Israel", diz a pesquisadora.
O livro de Karina, lançado em setembro, é sobre a Guerra do Líbano, que teve início com a invasão israelense, em 1982. Nesse ano, cristãos maronitas e muçulmanos se enfrentavam na guerra civil libanesa. Para Israel, o interesse era destruir a Organização para a Libertação da Palestina, OLP, que estava realizando ataques ao país. A guerra se prolongou e teve resultados limitados, a ponto de ser conhecida como o "Vietnã israelense". Além disso, abriu caminho para o surgimento do Hezbollah que foi criado, financiado e treinado pelo Irã.
"O Irã, que já tinha passado pela Revolução Iraniana, em 1979, envia algumas células de espiões para treinar as facções xiitas no Líbano. Treinar e financiar, para que elas formasse uma milícia própria. E essa milícia vai se tornar o Hezbollah", diz Karina. "Por causa da ação israelense no sul do Líbano, o Hezbollah nasce como um grupo anti-Israel."
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Comentários (2)
Miguel Gus
2023-11-11 14:39:19Ótima entrevista com a Karina . Lúcida e muito esclarecida. Mas ela esquece de um “pequeno” detalhe quando se refere a questão de Guerra Assimétrica travada por Israel contra diferentes grupos ou outros países como EUA no Vietnã. No caso de Israel há um perigo para a sua existência e a sobrevida de seus próprios cidadãos . Portanto, a opção política torna-se muito mais restrita. Comparar melancias com bergamotas não cabe bem a alguém que se apresenta com especialista.
Ana
2023-11-11 11:43:04Sou assinante mas desde a mudança não consigo achar o Latitude. Onde fica ? Como faço para acessar?