A recuperação judicial da Light prejudica a privatização da Copel?
A notícia que a Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação da Light S/A, nesta segunda-feira (15) causou mais um choque no setor elétrico, o qual tem estado em curto-circuito desde que a empresa, responsável pela geradora de energia e pela distribuidora no Rio de Janeiro, anunciou sua concordata ante uma dívida...
A notícia que a Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação da Light S/A, nesta segunda-feira (15) causou mais um choque no setor elétrico, o qual tem estado em curto-circuito desde que a empresa, responsável pela geradora de energia e pela distribuidora no Rio de Janeiro, anunciou sua concordata ante uma dívida de 11 bilhões de reais.
Ocorre que a instabilidade no setor levantou temores sobre a saúde do setor para outra empresa, a Companhia Paranaense de Energia, Copel (foto). A estatal é uma das últimas a passar por processo de privatização, o que deve ocorrer nos próximos meses.
No plano do governador do estado, Ratinho Jr. (PSD), o governo do Paraná irá reduzir de 31% para cerca de 15% o capital total do estado na empresa. Reduzindo a participação na empresa de 69,7% para 10%, o governo espera atrair 3 bilhões de reais em capital, privatizando sua operação.
Dados revelados na semana passada mostraram que, no primeiro trimestre, a empresa registrou 635 milhões de reais em lucro. A notícia da Light, no entanto, fez a ação da Copel cair 1% na sexta-feira (12), em efeito cascata.
Para Guilherme Berejuk, advogado especialista em regulação do setor elétrico, por mais que façam parte de um mesmo setor, os casos da Copel e Light não se afetam mutuamente. Enquanto o fruto da crise da empresa fluminense é de fato o furto de energia, seu cenário é "sem paralelo no país" e pode ainda piorar, caso a empresa não rompa o ciclo vicioso causado pelos roubos de energia levando a um mau atendimento.
"É certo que uma notícia como essa, da recuperação judicial da Light, acarreta alguma insegurança ao mercado e pode causar, até mesmo, uma desconfiança por parte dos investidores no tocante à segurança do setor elétrico em si", explica, "mas não vejo nenhum risco relevante do movimento da Light afetar o processo de privatização da Copel, pois a situação da Light reflete um contexto muito particular daquelas concessões, prejudicadas por problemas socioculturais singulares."
Ao contrário da empresa que atende o Rio de Janeiro, a Copel sempre esteve entre os menores índices de furtos de energia no Brasil e cumpre os indicadores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) — e a concessão, que já está garantida até 2045, deve se manter estável. Isso se reflete nas contas da empresa, que não possui altas alavancagens.
Com isso, argumenta Berejuk, o impacto do caso da Light — que ele considera grave — não deve impactar a Copel. "O caso da Light pode até suscitar alguma desconfiança momentânea dos investidores em relação ao setor elétrico. Mas não há razão objetiva para que isso contamine o processo de privatização da Copel", concluiu.
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Comentários (1)
Fabio
2023-05-17 08:07:35O RJ, a Venezuela Brasileira, precisa ser interditada e completamente liquidada.