A novilíngua da diplomacia petista
O chanceler brasileiro Mauro Vieira deu uma entrevista à revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) com críticas à diplomacia do governo Bolsonaro. Como registrou O Antagonista neste fim de semana, ele disse que sua gestão retoma fundamentos que "foram substituídos, na gestão anterior, por retórica agressiva e por atitudes até infantis em relação...
O chanceler brasileiro Mauro Vieira deu uma entrevista à revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) com críticas à diplomacia do governo Bolsonaro. Como registrou O Antagonista neste fim de semana, ele disse que sua gestão retoma fundamentos que "foram substituídos, na gestão anterior, por retórica agressiva e por atitudes até infantis em relação a países cujos governantes tinham orientação política e ideológica distinta à do governo anterior."
É fácil criticar a política externa de Bolsonaro. Nos dois primeiros anos, sob Ernesto Araújo, ela foi um delírio. Como escrevi em outro artigo, "no papel, ela era uma mistura sem pé nem cabeça de religião, nacionalismo, anticomunismo e crítica da decadência ocidental. Na prática, traduzia-se em alinhamento com Donald Trump, agressões verbais à China e discurso mentiroso sobre o meio ambiente."
Como essa "diplomacia" trouxe riscos econômicos – especialmente ao agro, que tem na China o seu grande parceiro – Araújo foi defenestrado. Carlos França ocupou o cargo na reta final do mandato e os ânimos se aquietaram um pouco.
Os 100 primeiros dias do governo Lula representaram, de fato, a normalização do ambiente no Itamaraty. A linguagem do pragmatismo e do diálogo voltou a ser empregada. O problema é que também retornaram as deformações do petismo.
Como em tantas outras coisas, o bolsonarismo pretendeu, à sua maneira destrambelhada, reinventar o Itamaraty. O PT, ao contrário, é insidioso. Há tempos aprendeu a utilizar os velhos modos da diplomacia brasileira como um véu para o seu hábito de andar em más companhias.
É por isso que os governos petistas costumam ter dois chanceleres, um formal e um da sombra. O primeiro cuida do "business as usual". O segundo, promove a agenda petista. Atualmente, os postos são ocupados por Mauro Vieira e Celso Amorim. Esse último tem viajado mais que o primeiro. Nas últimas semanas fez visitas discretas, sem agenda oficial, ao ditador venezuelano Nicolás Maduro e ao ditador e criminoso de guerra russo Vladimir Putin. As missões eram "promover a democracia" e "promover a paz". Ganha um tabuleiro do War quem achar que deu certo.
"Promoção da paz", "promoção da democracia", "busca de um mundo multipolar": todas essas são formas pomposas de encobrir o fato que o Brasil, governado pelo PT, sempre vai ser condescendente com regimes que se contraponham ao "poderio americano", não importa o quão autoritários e criminosos sejam esses regimes. O coração senil da política externa petista foi e continua sendo o antiamericanismo.
Lula já foi mais hábil em usar a novilíngua da diplomacia petista. Ultimamente, está mais tosco e descuidado. Sua fala na quinta-feira, 6, sobre a invasão da Ucrânia por Putin, mostra isso. “Putin não pode ficar com o terreno da Ucrânia", disse ele. "Talvez se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, tem que se repensar. O Zelensky não pode querer tudo. A Otan não vai poder se estabelecer na fronteira com a Rússia.“
Entende-se dessa mixórdia que o plano de paz de Lula é que Putin saia da guerra com a Crimeia e com uma garantia de que a Ucrânia não entrará para a Otan. Só isso. É ridículo.
Mauro Vieira está se gabando porque o Itamaraty voltou a ser um instrumento para a política externa indefensável do petismo. Não há o que comemorar.
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Comentários (10)
Maria
2023-04-14 07:33:02Sinto muita vergonha dessa quadrilha que desgoverna o meu País.
Alberto de Araújo
2023-04-13 10:05:28Política externa nafetalina.
Mara
2023-04-11 18:43:22Geopolítica de boteco.
Delei
2023-04-11 14:21:12Esse cara não passa de um fantoche do energúmeno celsoamorim.
ANTONIO
2023-04-11 11:33:23Com certeza, desta mixórdia toda só restará vergonha para o Itamarati e para o povo brasileiro.
ROBERTO DE VASCONCELLOS PEREIRA
2023-04-11 11:07:07Pimenta (ou "pimente") nos olhos dos outros não arde. Então, pela lógica do visionário filósofo Lula (ou "Lulo"), se a Argentina invadisse a região sul do nosso País, o Brasil deveria negociar a paz cedendo um pedaço de Santa Catarina para o agressor. Até porque, os argentinos já consideraram esse "terreno" como sendo deles no passado. Dilma tem um sucessor à altura.
Mateus
2023-04-11 10:14:20Muito bom artigo. Preciso como sempre Graieb.
Xico Só
2023-04-11 10:04:05Já que querem E VÃO mudar tudo e compraram a "tudes" sugiro à quadrilha que torne o tupi-guarani genuína e nacional a língua oficial do galinheiro ... cacique Sererê na jaula injusta e assassina vai adorar.
Marcia E.
2023-04-11 09:35:41Lula tem expelido seus pensamentos da forma mais ignorante possível. Mas, ele sempre foi assim, a diferença é que antes ele não se sentia tão à vontade. Ele acha que foi eleito com grande vantagem de votos e por isso não precisa ouvir ninguém. Nem seus pares. Não é à toa que o núcleo do PT não está muito satisfeito com o Lula 3.0
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2023-04-11 07:34:15Precisamos amadurecer a idéia d impeachment do Lula, senil como sua política externa, senil como sua política econômica, senil como seu antiamericanismo, senil como sua política nós contra eles, senil como sua política contra o desmatamento das nossas florestas, senil como seu projeto de poder explicitado pelo senil José Dirceu, senil como a ideologia esquerdista da senil Gleisi Hofmann, senil como sua deprimente falta d competência p governar, vamos esquecer os governos do Brasil no século 21!