O que está em jogo nos empréstimos da China a países da Nova Rota da Seda
Em duas décadas, a China concedeu 240 bilhões de dólares (cerca 1,2 trilhão de reais) em empréstimos a 22 países em desenvolvimento sob risco de suspensão de pagamentos. Os números constam num estudo do Banco Mundial realizado em parceria com a Harvard Kennedy School, o centro de pesquisas AidData e o Instituto Kiel. Praticamente toda...
Em duas décadas, a China concedeu 240 bilhões de dólares (cerca 1,2 trilhão de reais) em empréstimos a 22 países em desenvolvimento sob risco de suspensão de pagamentos. Os números constam num estudo do Banco Mundial realizado em parceria com a Harvard Kennedy School, o centro de pesquisas AidData e o Instituto Kiel.
Praticamente toda a verba foi destinada a países que integram o programa da Nova Rota da Seda, como Sri Lanka, Paquistão e Turquia. O plano de Pequim visa impedir que essas nações declarem defaults em dívidas com bancos chineses, além de expandir as relações comerciais entre Ásia, Europa e África, com a construção de portos, aeroportos, parques industriais e infraestrutura ferroviária, abrindo caminho para novos negócios.
Vários dos 22 países aos quais a China concedeu empréstimos de emergência, como Argentina, Belarus, Equador, Egito, Laos, Mongólia, Paquistão, Suriname, Sri Lanka, Turquia, Ucrânia e Venezuela, também recebem apoio do Fundo Monetário Internacional. Há, no entanto, diferenças significativas entre os programas do FMI e os resgates oferecidos por Pequim. Uma delas é que o dinheiro chinês não é barato. "Um empréstimo de resgate típico do FMI carrega uma taxa de juros de 2%. A taxa de juros média associada a um empréstimo de resgate chinês é de 5%", aponta o estudo. Em razão disso, a China tem sido alvo de críticas.
Procurado por Crusoé, Marcus Vinícius De Freitas, professor visitante da China Foreign Affairs University, afirma que houve "uma relativa falta de preparo na avaliação de crédito dos países recebedores dos incentivos econômicos advindos de Beijing". "Alguns países assumiram um nível mais elevado de endividamento e até chegaram à possibilidade de não pagamento", diz o professor.
"Diante deste cenário de relativa inexperiência, críticas crescentes e até mesmo falta de pagamento, o governo chinês compreendeu a necessidade de reavaliar as linhas de crédito, os projetos existentes e também o impacto dos maus empréstimos na própria economia chinesa", diz Freitas. Ainda segundo ele, a China considera as operações de risco com cuidado, porém entende que é necessário incorrer alguns riscos externos para atingir seus objetivos.
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