Lira e Pacheco escancaram disputa por poder e Planalto vira refém do Congresso
A disputa entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o rito de tramitação de Medidas Provisórias escancara uma briga que era vista apenas nos bastidores do Congresso e tem o condão de dificultar, ainda mais, a vida do Palácio do Planalto neste primeiro ano de governo Lula....
A disputa entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o rito de tramitação de Medidas Provisórias escancara uma briga que era vista apenas nos bastidores do Congresso e tem o condão de dificultar, ainda mais, a vida do Palácio do Planalto neste primeiro ano de governo Lula.
Eis os fatos: Pacheco acatou uma questão de ordem apresentada pelos líderes do Congresso e determinou a retomada das comissões mistas para análise de Medidas Provisórias. Assim, cada texto encaminhado pelo Planalto precisará ter aval de uma comissão mista – formada com 12 senadores e 12 deputados – antes de passar pelos plenários de Câmara ou Senado.
É um rito mais demorado e previsto na constituição. O presidente da Câmara defende a manutenção do rito atual, extraordinário, que isenta as MPs de passar por comissão mista. Além disso, a regra atual – instituída em virtude da pandemia de Covid – dá a Lira o poder de indicar as relatorias das Medidas Provisórias. Com comissão mista, isso não acontece.
Lira argumenta que a comissão mista prejudica a Câmara, já que ela deveria ser dividida de forma proporcional. Na visão do deputado alagoano, como existem mais parlamentares na Câmara, a comissão mista deveria ter um número maior de deputados em comparação ao de senadores.
Embora Pacheco tenha determinado o retorno das comissões mistas, isso não ocorrerá automaticamente. Lira pretende boicotar o instrumento, que depende da indicação de líderes da Câmara para que os colegiados voltem a funcionar.
Ontem, durante almoço, Lira e Pacheco tentaram chegar a um acordo. Não conseguiram. Sequer almoçaram juntos. Hoje, o clima azedou de vez com troca de farpas públicas entre os dois. Lira disse que Pacheco pretendia engavetar 29 MPs; já Pacheco afirmou que o Brasil não pode ficar refém da política alagoana, em referência a uma briga entre Lira e Renan Calheiros (MDB).
Essa troca de farpas escancara uma briga de poder poucas vezes vistas no Congresso Nacional. Lira, obviamente, não quer perder a prerrogativa de comandar o processo de tramitação de MPs e cobrar essa fatura para o Palácio do Planalto. Afinal de contas, quanto maior a pressa de Lula, maiores serão os pedidos de integrantes do Centrão ao governo federal.
Do outro lado, ao restabelecer o rito originário, Pacheco também dá um claro recado ao Planalto: o PSD não pode ser alijado das negociações por emendas e cargos no governo federal. Afinal de contas, o partido tem hoje três ministros no governo Lula e não faz o menor sentido ficar refém de um Arthur Lira e de lideranças como Elmar Nascimento. Este, apesar de ser do União Brasil, é tido como sucesso de Lira no comando da Câmara.
Sem um acordo, a pauta do governo federal está paralisada e sem qualquer perspectiva de desfecho. Até mesmo a MP sobre a reestruturação dos ministérios agora corre o risco de caducar, o que seria uma derrota homérica para o governo Lula. Sem o menor controle sobre Câmara ou Senado, a administração petista mostra que hoje o ocupante do Palácio do Planalto é um mero refém das artimanhas de Pacheco e Lira.
E olha que muito se falou do poder de articulação política de Lula. Pelo jeito, o petista terá muito trabalho pela frente.
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Comentários (3)
Amaury G Feitosa
2023-03-24 09:20:02Qualquer cidadão digno ou em sã consciência e até mesmo grande parte dos insanos que já viram o tamanho da meLda que fizeram entenderam que se a Câmara Federal não tomar a liderança e a defesa do Estado em alto risco de ser tomado por uma quadrilha que agora a PF nos informa também sabemos assassina logo estaremos no caos e o próximo Natal já pode ser um incomensurável Funeral ... não vê quem não quer.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2023-03-23 18:49:38Lira está inaugurando um novo projeto de tramitação de PEC: pelo grito. Que sujeito desprezível. Quanto a Lula e sua capacidade de articulação, é preciso lembrar que o seu primeiro governo estava completamente emperrado até ele liberar espaço para aliados e, depois instituir o mensalão, ou seja, o gênio do Lulinha como negociador nunca existiu.
Maria
2023-03-23 16:09:07Lula já passou da hora de pagar seus pecados no inferno. O problema é que gente ruim não morre, ô desgraça!!!!!!!