Paradoxo no Peru: protestos após a prisão do 'populista sem povo'
Desde que o ex-presidente do Peru Pedro Castillo (foto) tentou um autogolpe e foi preso, na quarta, 7, manifestantes foram para as ruas. Nesta segunda, 12, a pista do aeroporto de Arequipa, segunda maior cidade, foi bloqueada e teve a iluminação destruída. Há protestos em 20 das 25 regiões do país e treze estradas foram...
Desde que o ex-presidente do Peru Pedro Castillo (foto) tentou um autogolpe e foi preso, na quarta, 7, manifestantes foram para as ruas. Nesta segunda, 12, a pista do aeroporto de Arequipa, segunda maior cidade, foi bloqueada e teve a iluminação destruída. Há protestos em 20 das 25 regiões do país e treze estradas foram bloqueadas. A maior fábrica de leite foi incendiada. Quatro pessoas morreram.
O paradoxo então é explicar por que o país tem registrado tantos protestos, considerando que Castillo era um presidente impopular que não foi apoiado por ninguém em sua tentativa de romper com a ordem democrática.
Um fato importante a ser notado é que a principal reivindicação dos manifestantes não é a libertação de Castillo.
"Castillo era um populista sem povo. Ele não fez nenhuma reforma, não entregou nada. Seu governo não teve uma direção e foi um caos, que registrou vários casos de corrupção", diz Omar Coronel, sociólogo e pesquisador de movimentos sociais na Pontifícia Universidade Católica do Peru. Quando tentou um golpe frustrado, apenas 31% da população o apoiava.
A maior reivindicação das pessoas nas ruas é o fechamento do Congresso e a convocação de novas eleições. Nesta segunda, 12, a atual presidente, Dina Boluarte, disse que irá antecipar eleições, mas avisou que, por questões burocráticas, um novo pleito deverá ocorrer até abril de 2024.
Para muitos peruanos, seria esperar tempo demais. Dina também se propôs a negociar com o Congresso para promover reformas. Contudo, a maior parte da população não reconhece a atual legislatura, que conta com partidos muito fracos. "Ao que tudo indica, os movimentos devem continuar, porque será muito difícil para Dina atender a esses pedidos", diz Coronel.
Outro fator que ajuda a explicar as manifestações é que, ao ser preso, Castillo colocou-se como um mártir injustiçado, na esperança de que parte da população o defendesse. "Muitos dos manifestantes nem sequer tocam nesse assunto, mas é certo também que, ao se colocar como um mártir, ele acabou ganhando apoio de alguma parte do povo", diz Coronel.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)