Por que Putin desistiu do Twitter, mas não do Instagram
A última mensagem publicada pela conta do presidente da Rússia no Twitter mostra Vladimir Putin com o rosto inchado, analisando detidamente uma caixa de remédio antiviral, com a data de 15 de março (foto). Quando essa imagem foi publicada, a invasão da Ucrânia já tinha duas semanas, o que indica que o Kremlin seguiu postando...
A última mensagem publicada pela conta do presidente da Rússia no Twitter mostra Vladimir Putin com o rosto inchado, analisando detidamente uma caixa de remédio antiviral, com a data de 15 de março (foto).
Quando essa imagem foi publicada, a invasão da Ucrânia já tinha duas semanas, o que indica que o Kremlin seguiu postando por mais alguns dias depois do início da guerra.
No início de março, contudo, a agência que regula as comunicações na Rússia bloqueou internamente o acesso ao Facebook e ao Twitter. O órgão alegou que essas redes sociais estavam discriminando os serviços estatais russos como o Russia Today e a agência RIA.
Moscou então redirecionou sua estratégia para outras plataformas. "Me parece que o Kremlin começou a considerar as redes sociais como ferramentas do inimigo na batalha que ele trava contra o Ocidente. Isso explica por que eles pararam de usar essas ferramentas", diz André Eler, diretor-adjunto da consultoria Bites.
Boa parte do aparato de comunicação russa durante a guerra migrou para o Telegram, em que o controle sobre a informação é bem menor, ou nulo. Jornalistas da televisão estatal e alguns políticos, como o checheno Ramzan Kadyrov, tornaram-se porta-vozes do Kremlin nessa rede, com milhões de seguidores.
Contudo, o Kremlin continua querendo conquistar a opinião pública do Ocidente. Por isso, o governo russo tem apostado em redes estatais, como RT ou Sputnik News, que seguem com suas contas funcionando normalmente nessas redes.
Chama a atenção também o fato de que o Kremlin segue com uma conta no Instagram, que pertence ao Facebook. Embora não se trate de uma conta autenticada, há um link para a página oficial do Kremlin e o conteúdo postado é parecido com o que o governo russo publicava no Twitter, isto é, fotos enfadonhas de Putin com ministros e autocratas do mundo todo (abaixo).
"O Kremlin não abre mão de fazer essa evangelização da opinião pública ocidental. Portanto, há uma dubiedade na relação da Rússia com as big techs. Ao mesmo tempo em que o governo quer mostrar uma insatisfação com essas empresas de tecnologia, continua fazendo uso das redes que julga relevante", diz Eler, da Bites.
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