O fator econômico por trás da lista de países hostis divulgada pela Rússia
O governo da Rússia (foto) divulgou nesta segunda, 7, uma lista de países e territórios que "cometeram ações hostis contra a Rússia, suas companhias e cidadãos". Entre eles estão Estados Unidos, Canadá, membros da União Europeia, Reino Unido, Suíça, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan, acusados de impor ou aderir a...
O governo da Rússia (foto) divulgou nesta segunda, 7, uma lista de países e territórios que "cometeram ações hostis contra a Rússia, suas companhias e cidadãos".
Entre eles estão Estados Unidos, Canadá, membros da União Europeia, Reino Unido, Suíça, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan, acusados de impor ou aderir a sanções contra a Rússia após o presidente do país, Vladimir Putin, ordenar uma invasão militar na Ucrânia.
A lista inclui a Ucrânia, cuja população está sendo bombardeada por militares russos. O Brasil, cujo presidente Jair Bolsonaro tem dado declarações favoráveis ao Kremlin, ficou de fora.
A publicação de uma lista como essa tem, em primeiro lugar, um efeito político. "Putin precisa dizer que não está satisfeito com os países que foram contra a Rússia. Caso ele aceitasse as medidas de retaliação calado, ele admitiria a própria culpa na guerra. Ao manifestar descontentamento, por outro lado, o presidente quer dizer que os motivos dele são justos", diz o professor de relações internacional Dorival Guimarães Pereira Jr., do Ibmec de Belo Horizonte.
Mas há também um importante fator econômico na lista. O comunicado russo afirma que "cidadãos e empresas russas, o próprio estado, suas regiões e municípios" poderão pagar os credores externos de países hostis com rublos. Ao permitir isso, Putin pode estar querendo amealhar apoio interno, pois empresários privados russos ganharão carta branca para pagar companhias de fora do país da maneira como eles quiserem, isto é, com rublos.
"Eles poderão pagar em moeda fraca, mas ninguém quer receber em moeda fraca", diz a economista Juliana Inhasz, professora do Insper. Quem tinha contrato com uma empresa russa obrigando o pagamento de uma dívida em dólar ou euro será prejudicado. É uma estratégia desonesta, com a qual Putin pretende prejudicar seus desafetos no exterior. Além disso, o autocrata se beneficiará ao fazer isso com uma ação travestida de sanção econômica e, portanto, com uma justificativa.
A divulgação de lista de países hostis ainda pode ter alguma relação com o câmbio. "Ao mandar a moeda nacional para fora, o governo quer reduzir a quantidade de rublo por dólar dentro da Rússia, o que poderia ajudar a conter a desvalorização", diz a economista Juliana Inhasz. "Mas isso seria querer apagar um incêndio com um conta-gotas, porque a efetividade seria pequena."
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (4)
Nyco
2022-03-07 21:16:25E o PR., Bolsonaro estava certo mais uma vez. Nada de tomar as dores de um lado da guerra, se o Brasil é amigo dos dois. Uma que não temos força para resolver nada, então o melhor caminho é a neutralidade e ajudar os refugiados como fez hoje e, na esperança que esse conflito tenha uma solução rápida. O lado positivo de não interferência, é que os insumos agrícolas de que tanto dependemos estão liberados.
Paulo
2022-03-07 18:09:31Como as sanções contra a Russia a impediram de converter sua moeda em dólar e euro os pagamentos deverão ser feitos em rublos. Por que isso é "uma estratégia desonesta" ,segundo o autor, foi o que não entendi.
Carlos
2022-03-07 16:28:47Esse Putin deve ter tomado agua da privada!!!!!!
Freitas
2022-03-07 15:46:03Não tem o menor sentido, um ditador, de forma unilateral, estipular regras não previstas em contratos legítimos. Quem vai negociar com devedores russos?