Anvisa vê lacunas em política de autotestes, pede esclarecimentos à Saúde e adia decisão
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária adiou a decisão sobre a liberação da venda de autotestes para a detecção do novo coronavírus em farmácias e drogarias. Em reunião nesta quarta-feira, 19, o colegiado apontou lacunas nas orientações do Ministério da Saúde para o uso desse tipo de teste e, por isso, estabeleceu prazo...
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária adiou a decisão sobre a liberação da venda de autotestes para a detecção do novo coronavírus em farmácias e drogarias.
Em reunião nesta quarta-feira, 19, o colegiado apontou lacunas nas orientações do Ministério da Saúde para o uso desse tipo de teste e, por isso, estabeleceu prazo de 15 dias para a pasta comandada por Marcelo Queiroga apresentar esclarecimentos.
Até então, não está definido, por exemplo, as medidas que devem ser adotadas pelos cidadãos se o teste der positivo, tampouco se o resultado precisa ser confirmado em laboratórios.
As falhas são tamanhas que, segundo a diretora-relatora do processo, Cristiane Rose Jourdan, após analisar a nota técnica entregue pelo ministério na semana passada, a Procuradoria da Anvisa decidiu não reconhecê-la como uma política pública, concluindo que o documento desrespeita as exigências da agência.
Ainda assim, Jourdan avaliou que a regulamentação dos testes poderia ser editada de forma excepcional e temporária, devido ao aumento exponencial de casos de Covid-19. "Essa agência entendeu que tal regulamentação pode ser editada em regime de excepcionalidade, para garantir um maior acesso da população à testagem e, consequentemente, identificar, isolar e minimizar a transmissibilidade da nova variante Ômicron, independentemente da existência de políticas públicas", pontuou.
Os demais integrantes do colegiado, porém, discordaram. O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou que a aprovação nos atuais moldes possibilitaria o acesso da população a autotestes, mas atrapalharia o controle do Ministério da Saúde sobre o avanço da doença no país.
"(Temos) preocupações quanto à compilação de dados, à transformação de dados compilados em notificação, capaz de gerar todo o tratamento estatístico necessário à melhor compreensão da evolução da pandemia, mormente em um período em que a variante Ômicron, e não mais a Delta, é a reinante", apontou.
"Há a questão dos locais onde o autoteste pode ser feito. Em uma análise rasa: nas residências. Mas somente lá? Também em farmácias? Também em outros lugares? Preocupou-nos a questão do fluxo de pacientes testados eventualmente como positivos, sintomáticos ou não, ainda tendo de recorrer a outros locais para que a sua notificação seja concluída", emendou.
O Ministério da Saúde vê nos autotestes a possibilidade de redução da pressão sobre o sistema hospitalar. A pasta indica como público-alvo da política qualquer indivíduo, sintomático ou assintomático, independentemente de seu estado vacinal ou idade, que tenha interesse em realizar a autotestagem.
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Comentários (2)
PAULO
2022-01-19 19:25:05Mesmo um leigo percebe as falhas grosseiras nas orientações do MS. Está parecendo os casos da Sputnik V e da Covaxin. Estão buscando acelerar o processo. Como os testes serão vendidos pela iniciativa privada, já deve ter gente coçando às mãos. Esse governo realmente é uma piada de mal gosto. Moro Presidente 🇧🇷
Waldemar
2022-01-19 19:09:33As objeções da Anvisa são razoáveis.Com a palavra o MS. A pressa é inimiga da perfeição. Que tal uma consulta pública para saber se o brasileiro vai notificar o MS de que testou negativo? E se der falso-negativo, o infectado vira vetor de contaminação, como tratar isso? Com a palavra o MS e os interessados por trás desta testagem (se é que não estou errado, claro)