O Talibã 'moderado': disparos contra manifestantes e ataques a jornalistas

O grupo terrorista Talibã, que tomou o controle do Afeganistão no domingo, 15, tem tentado transmitir a imagem de que está mais moderado em coletivas de imprensa para veículos internacionais.

Mas o discurso não tem se concretizado na prática. Duas manifestações de afegãos contra o Talibã foram reprimidas com violência nesta quarta, 16.

Na cidade de Jalalabad (foto), ao menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quando os moradores foram às ruas reclamar da substituição da bandeira afegã pela bandeira do grupo terrorista em um monumento municipal.

Depois de atirarem para o alto, os membros do Talibã dispararam contra a multidão. Um repórter e um operador de câmera foram golpeados quando tentavam cobrir as demonstrações.

O ataque a jornalistas, em parte, é uma maneira de esconder os fatos que possam comprometer a narrativa oficial. Além disso, o grupo terrorista quer se vingar de todos aqueles que produziram matérias que eles julgam incômodas.

Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas, CPJ, quase 300 profissionais de imprensa então buscando refúgio. Em alguns casos, o risco é evidente. "O CPJ registrou e examinou 45 casos de alta prioridade de jornalistas afegãos nos quais a ameaça do Talibã é clara e iminente. Muitos são de mulheres jornalistas cujo histórico de reportagens sobre os direitos das mulheres aumenta o risco", diz um comunicado do CPJ publicado na segunda, 16.

Esta semana, o jornal americano Washington Post evacuou os funcionários da redação de Cabul e seus familiares.

Diversos aviões partiram do aeroporto de Cabul nesta terça, 17, para os Estados Unidos e outros países. Mas o Talibã tem dificultado a saída dos afegãos. O grupo ergueu postos de controle em diversos lugares da cidade e perto da entrada do aeroporto para intimidar as pessoas. Algumas que tentaram passar foram golpeadas. Um homem que trabalhou como tradutor para soldados australianos foi assassinado.