Os 'percalços' na negociação da Coronavac relatados por Dimas Covas
Embora Jair Bolsonaro nunca tenha escondido as críticas à Coronavac, aliados do Planalto e integrantes do alto escalão negaram na CPI da Covid qualquer influência do presidente da República na negociação pela compra da vacina. O diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, apresentou uma versão diferente sobre as tratativas à comissão nesta quinta-feira, 27, e...
Embora Jair Bolsonaro nunca tenha escondido as críticas à Coronavac, aliados do Planalto e integrantes do alto escalão negaram na CPI da Covid qualquer influência do presidente da República na negociação pela compra da vacina. O diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, apresentou uma versão diferente sobre as tratativas à comissão nesta quinta-feira, 27, e relatou uma série de dificuldades nas conversas.
De acordo com Covas, o Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, comandado por João Doria, enfrentou problemas tanto para negociar o contrato com o Ministério da Saúde, quanto para obter da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, o aval para o uso emergencial e temporário.
O diretor-presidente do Instituto frisou que o mundo iniciou a imunização em 8 de dezembro e, ao final daquele mês, havia administrado 4 milhões de doses. No mesmo o período, segundo disse Covas, o Butantan tinha 5,5 milhões de doses da Coronavac prontas em estoque e processava outras 4 milhões.
"Poderíamos ter iniciado a vacinação antes do que começou? Nós já tínhamos as doses. Estavam disponíveis. Muitas vezes declarei de público que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação, não fossem os percalços que tivemos que enfrentar no caminho", comentou.
Covas contou que o Butantan fez a primeira oferta ao Ministério da Saúde em 30 de julho, quando propôs um contrato com a previsão de entrega de 60 milhões de doses até o final de 2020. Em agosto, tentou negociar o mesmo estoque, com a distribuição de 45 milhões de doses em dezembro. À época, contudo, não houve resposta.
O diretor-presidente do Instituto narrou também pedidos de apoio de 100 milhões de reais para o financiamento do estudo clínico e de 80 milhões de reais para a reforma de uma fábrica. Nenhuma das requisições, porém, foi atendida.
Dimas Covas ainda fez menção ao emblemático episódio de outubro de 2020. No dia 7, rememorou, o Butantan ofereceu ao ministério 100 milhões de doses da Coronavac, das quais 46 milhões seriam produzidas até dezembro de 2020. O diretor do Instituto alegou que, naquele mês, houve sinalizações de que um acerto poderia evoluir e chegou-se a discutir a edição de uma emenda provisória para a liberação de recursos.
Ele lembrou que, em 20 de outubro, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello chegou a anunciar o protocolo de intenção de compra de 46 milhões de doses, com o compromisso de incorporação da vacina ao Plano Nacional de Imunização. O general, na sequência, foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro.
"A partir desse ponto, é notório que houve uma inflexão. Digo isso porque, no final da reunião do dia 20, saímos muito satisfeitos com a evolução das tratativas e achávamos que teríamos resolvido parte do problema. No outro dia pela manhã, onde haveria conversas adicionais, infelizmente, essa conversações não prosseguiram, porque houve uma manifestação do presidente da República dizendo de que a vacina não seria incorporada ao PNI".
Entre os percalços, o contrato entre o Butantan e o Ministério da Saúde foi assinado somente em 7 de janeiro de 2021. O documento previa o fornecimento de 46 milhões de doses, em quatro entregas até o dia 30 de abril. Tempos depois, o governo federal acertou a aquisição de 54 milhões de doses, totalizando 100 milhões. Hoje, a Coronavac é a vacina contra a Covid que mais foi aplicada no Brasil.
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Comentários (6)
Onofre
2021-05-27 18:38:48Na Coletiva ele disse q as manifestações do Presidente para ele de nada valiam por que o documento assinado por Pazuello estava valendo e que só não estaria valendo se ele recebesse alguma coisa oficial, e não só reportagem do Jornal Nacional com Bolsonaro e Pazuello no hospital. Agora ele já finge ter se esquecido disso, mas o vídeo da Coletiva está no site do Governo do Estado de S. Paulo.
Dementrio
2021-05-27 18:17:40A verdade é que a Anvisa só aprovou a AstraZeneca e a Coronavac em Janeiro. Em Novembro já existia vacina no Butantan mas não podiam usar. Anvisa atrasou 2 meses a vacinação no Brasil.
João
2021-05-27 17:32:19ESTE DIMAS NÃO É O BOM LADRÃO, É O MAL ,PQE ESTA A SERVIÇO DE BANDIDO COMO DÓRIA
Vasconcellos
2021-05-27 11:41:25Sabemos que mesmo com a antecipação das vacinações, ainda assim haveria muitas mortes pela Covid, no Brasil. Mas pensem em quantos milhares de VIDAS teriam sido salvas se as aplicações tivessem começado em dezembro. Essas mortes adicionais são de responsabilidade direta de Bolsonaro. E se alguém vai para a cadeia por que matou uma pessoa, o que deveria acontecer para quem matou milhares?
CARLOS
2021-05-27 11:18:43Aí está o depoimento, acompanhado dos comprovantes, que faltava. JB trabalhou muito, incansavelmente, contra a vacina do Butantan, e ao que tudo indica fez o mesmo em relação à vacina da Pfiser. Azar dos mortos, e seus familiares, que ainda temos na presidência um doido de atar!
Nádia
2021-05-27 11:13:26Alguém avise pra renan q ele tem q prestar atenção nas respostas.. e colher detalhes.. reinquirir.. se for o caso.. Cobrar se não tiver havido resposta adequada. Não respondem ao q ele perguntou.. e ele só continua o roteiro, faceiríssimo.. q coisa.. se acorda, renan..!!!!!