'Fadiga dos doadores' e receio com Hamas atrapalham reconstrução em Gaza
Com o fim do conflito do grupo terrorista Hamas com Israel, a atenção se volta para a reconstrução da Faixa de Gaza (foto). A preocupação é com os países que doarão recursos ao território e para onde a verba irá. O risco é de o dinheiro ir parar nas mãos do Hamas e da Jihad...

Com o fim do conflito do grupo terrorista Hamas com Israel, a atenção se volta para a reconstrução da Faixa de Gaza (foto). A preocupação é com os países que doarão recursos ao território e para onde a verba irá. O risco é de o dinheiro ir parar nas mãos do Hamas e da Jihad Islâmica, o que poderia levar a uma nova onda de violência daqui a alguns anos.
O país que mais ofereceu ajuda até agora foi o Egito, que falou em doar 500 milhões de dólares. Reino Unido, Noruega e Catar também se apresentaram. A ONU deve enviar 22,5 milhões de dólares em fundos de resposta a emergências.
O secretário de estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, também falou em ajudar por meio da Autoridade Palestina, a AP, que governa de Ramallah, na Cisjordânia, mas não exerce o controle na Faixa de Gaza. Na terça, 25, Blinken se encontrou com Mahmoud Abbas, o presidente da AP. Sendo o Hamas uma organização terrorista, os diplomatas americanos não podem conversar com seus líderes ou entrar na Faixa de Gaza.
"A visita de Blinken reflete o desejo de os Estados Unidos dar legitimidade a Abbas e tentar reduzir a influência do Hamas sobre Gaza. Os funcionários do Departamento de Estado entendem que Abbas está perdendo autoridade e querem reverter a situação", diz o analista político americano Firas Masri, que trabalha em Copenhagen, na Dinamarca, e cobre o Oriente Médio.

Um dos entraves para a ajuda estrangeira na Faixa de Gaza é a denominada "fadiga dos doadores". O termo, geralmente empregado para designar as organizações de caridade que estão cansadas de não verem resultados práticos de suas ações, foi usado por Masri em um estudo sobre Gaza para a Brookings Institution, há quatro anos.
Segundo esse conceito, muitos doadores teriam perdido o ânimo em fazer novas ações ao ver que o resultado das ajudas anteriores acabaram virando ruína no último embate com Israel.
"Será interessante ver quanto das promessas de ajuda feitas nos últimos dias serão cumpridas. Na última rodada de conflito em 2014, bilhões foram prometidos em um encontro no Cairo. Contudo, a maior parte desse dinheiro não foi entregue por várias razões", diz Masri. "Desta vez, a fadiga dos doadores deve imperar novamente, e Gaza pode receber ainda menos contribuições."
Vale lembrar que países árabes como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita estavam se aproximado de Israel nos últimos anos, buscavam se distanciar do Hamas e agora também devem sofrer com a "fadiga dos doadores". Em 2014, esses dois países prometeram 700 milhões de dólares para a Faixa de Gaza, mas só transferiram 25% do total.
O Irã, país persa, é uma história à parte. O líder supremo Ali Khamenei convocou todos os muçulmanos a ajudar o enclave palestino. Em 2014, isso também aconteceu, mas a ajuda humanitária iraniana para os cidadãos de Gaza não aconteceu. "Estou cético de que isso poderia se materializar agora", diz Masri.
Em vez de apoiar a população palestina em Gaza, o Irã tem buscado fortalecer os grupos terroristas Hamas e Jihad Islâmica com armas e foguetes.
Em uma propaganda veiculada na televisão iraniana na semana passada, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, agradeceu ao apoio da teocracia xiita. "Não posso deixar de agradecer àqueles que enviaram dinheiro e armas para a resistência valente: a República Islâmica do Irã, que não se segurou dinheiro, armas e suporte técnico. Obrigado", disse Haniyeh.
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Comentários (1)
SANDRA
2021-05-26 08:59:28Vergonhoso. Falta muito para que os homens consigam resolver seus conflitos sem derramamento de sangue por QUALQUER dos lados?