Adriano Machado/Crusoé

A pressão de senadores do Nordeste pela Sputnik V na CPI

11.05.21 14:49

Ao longo dos últimos meses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária sofreu pressão de governadores e do Planalto pela liberação da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19, e chegou a analisar pedidos de importação do imunizante por ordem do Supremo Tribunal Federal. Agora, as cobranças à autarquia foram exercidas por integrantes da CPI da Covid.

De olho no acerto encaminhado para a compra de 37 milhões de doses da vacina pelo Consórcio Nordeste, senadores da região usaram a comissão para colocar o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, contra a parede.

Os parlamentares elevaram o tom duas semanas após a agência rejeitar, por unanimidade, pedidos de importação, distribuição e aplicação da Sputnik V apresentados por 10 estados — Acre, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe.

Após Barra Torres elencar problemas relacionados à vacina, como a presença de adenovírus replicantes na substância, o que pode provocar doenças e atingir tecidos e órgãos do corpo humano, e apontar a falta de um relatório sobre a toxicidade reprodutiva, o senador Humberto Costa (foto), do PT de Pernambuco, pediu que Barra Torres não fizesse avaliações sobre o imunizante durante a sessão.

Até porque o presidente da Anvisa, quando faz esse detalhamento, termina por levantar uma aura de desconfiança sobre a vacina que não está comprovada“, disse o petista, correligionário do governador do Piauí, Wellington Dias, presidente do Consórcio do Nordeste. “Me desculpe, eu respeito muito o corpo técnico da Anvisa. Inclusive, há pessoas na Anvisa que sabem do meu esforço para se tentar encontrar um consenso técnico para se liberar todas as vacinas que são colocadas aqui”, completou.

Em resposta, Barra Torres disse que “pede a Deus que os desenvolvedores russos estejam com a mesma vontade que nós estamos de ter essa vacina aprovada”. “Nossa vontade de encontrar soluções é total. Eu espero que eles deixem o discurso do processo, de que vão nos processar, vão mover ações contra nós, e apresentem argumentos científicos. A nossa disponibilidade de trabalho é imediata e plena”.

O senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, criticou a demora na análise dos documentos da Sputnik V e na consequente liberação. “Foi uma vacina com contrato assinado lá atrás pelo Consórcio Nordeste. Não quero crer que essa discriminação odiosa contra o estado do Nordeste continue no governo e, sobretudo, que contamine a Anvisa“, atacou.

Barra Torres rebateu a declaração. “A Anvisa não postergou a análise dessa vacina, nem de nenhuma outra”, assegurou. “Não foram cinco meses corridos, até porque a lei nos obriga a dar respostas antes disso. Existem os períodos em que a gente pede documentos e há uma demora na volta desses documentos”.

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