A série 'Nada Ortodoxa' e a realidade do judaísmo hassídico
A série Nada Ortodoxa (foto), disponível na Netflix, é baseada na autobiografia de Debora Feldmann. Escritora vivendo em Berlim, na Alemanha, Debora cresceu em uma comunidade de judeus ortodoxos hassídicos no Brooklyn, em Nova York. Na juventude, ela deixou esse grupo religioso com sua irmã. O rabino Dudu Levinzon, que dirige uma comunidade hassídica em...
A série Nada Ortodoxa (foto), disponível na Netflix, é baseada na autobiografia de Debora Feldmann. Escritora vivendo em Berlim, na Alemanha, Debora cresceu em uma comunidade de judeus ortodoxos hassídicos no Brooklyn, em Nova York. Na juventude, ela deixou esse grupo religioso com sua irmã. O rabino Dudu Levinzon, que dirige uma comunidade hassídica em São Paulo, listou para Crusoé as diferenças entre a série e a realidade dessas pessoas.
A série Nada Ortodoxa faz um bom retrato de como é a vida em uma comunidade hassídica?
Nem todo judeu hassídico se comporta da maneira que é mostrada na série. Dentro do hassidismo, que tem mais de 300 anos, há centenas de linhas diferentes. De maneira geral, trata-se de uma vertente ortodoxa mais mística, que leva a religião com mais alegria, mais vibração. Algumas cenas mostradas no filme podem até acontecer, mas só em grupos muito pequenos. Eles são a minoria da minoria do mundo hassídico.
Poderia dar um exemplo?
A rejeição à internet não vale para todos os hassídicos. A minha linha é totalmente aberta para o mundo e entende que é preciso aproximar as pessoas usando a tecnologia. Também não são todos os grupos em que as mulheres raspam o cabelo quando se casam. Alguns rabinos dizem que isso vai contra a religião, porque diminui a autoestima da mulher. Cerca de 90% das hassídicas não fazem isso. Elas podem cobrir o cabelo com uma peruca ou com um pano.
Os hassídicos desprezam os judeus sionistas, que pregam um retorno a Israel?
Para os hassídicos, o retorno a Israel deve ser um fenômeno espiritual, que depende da vinda do Messias. Não é só uma questão física. Muitas linhas hassídicas são contra o sionismo, um movimento que nasceu de ideias não ortodoxas, ligadas ao conceito de sobrevivência do povo judeu, da necessidade de se ter uma nação. Agora que Israel já é um fato concreto, fundado em 1948, há divergências entre linhas hassídicas, porque muitas delas vivem atualmente em Israel.
Mulheres precisam gerar muitos filhos para compensar os milhões de mortos do Holocausto?
A obrigação de procriar é um mandamento bíblico, da Torá. Essa tradição sempre acreditou em ter muitos filhos. O que aconteceu foi que, depois do Holocausto, o mundo hassídico pegou essa ideia como mais um motivo para crescer o povo judeu não apenas espiritualmente, mas também numericamente.
Existem grupos vigiando as pessoas, para impedir que elas deixem a comunidade?
Nas comunidades extremamente fechadas, há grupos que se responsabilizam para não deixar as pessoas saírem do caminho. Eles não forçam ninguém a nada. Não há violência, mas eles fazem tudo o que podem para impedir que as pessoas abandonem a religião. Da mesma forma, há outros que ajudam as pessoas a deixar essas comunidades. Há grupos dos dois lados. Mas são coisas muito raras.
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Comentários (7)
Hermann
2020-07-27 10:21:44o filme retrata bem este ramo atrasado e decadente deste grupo. Um excelente filme e bem real.
Hermann
2020-07-27 10:19:47vejo como injusto e sádico está discriminação com as mulheres deste remo extremista machista só hassidismo. Me lembra um pouco o escravas q trabalham de graça e geram filhos . Respeito muito o Sionismo.
FRANCISCO
2020-07-27 09:20:46Taí, gostei muito, vou me aprofundar, o povo judeu é muito rico em tradição e costumes. Gostei, também, do merchandising, vou assistir.
Ricardo
2020-07-26 09:56:46Possuem religião e cultura bem particular, devem ser respeitados.
Nelia
2020-07-25 23:55:27Assisti. É bem interessante
Vimar
2020-07-25 19:57:16O povo judeu, hassídico ou não, é motivo de reflexões positivas em minha vida.
Maria
2020-07-25 19:36:30Assiti tempos atrás e recomendo.Muito boa a série.