Apesar de ser uma disciplina estudada desde os primeiros anos de colégio, tendo em vista sua aplicabilidade no dia a dia, a matemática ainda é uma grande dificuldade para milhões de pessoas em todo o mundo.
Por conta de sua complexidade abstrata ou de fatores individuais, como ansiedade e dificuldades de concentração, lidar com números, fórmulas e cálculos pode representar um grande desafio.
Contudo, um estudo publicado recentemente na revista científica PLOS Biology pode ter encontrado uma solução para este problema através de um método pouco invasivo que promete melhorar significativamente o desempenho de quem tem dificuldades com matemática.
Chamada de neuroestimulação transcraniana por ruído aleatório (ou “tRNS”, na sigla em inglês), a técnica consiste em uma corrente elétrica indolor aplicada ao couro cabeludo por meio de eletrodos que pode ativar regiões específicas do cérebro.
Com isso, é possível melhorar as conexões neurais em regiões cruciais para o aprendizado, omo o córtex pré-frontal dorsolateral e o córtex parietal posterior.
Resultados do estudo
Conduzida pelo neurocientista Roi Kadosh, da Universidade de Surrey, a pesquisa contou com a participação de 72 estudantes da Universidade de Oxford, que foram submetidos a exames de imagem cerebral.
Depois de terem a conectividade entre as regiões cerebrais avaliadas, os estudantes realizaram uma série de tarefas matemáticas, mas metade deles recebeu o estímulo cerebral durante parte dos testes.
No fim, alunos com menor conectividade cerebral apresentaram uma melhora de 25% a 29% em seus desempenhos na matemática por conta do método, enquanto os que tinham menos dificuldade não apresentaram qualquer ganho.
Método pode ser elitista
Apesar da efetividade da tRNS ser um importante passo para o combate da desigualdade educacional, o método pode se tornar exclusivo para grupos de maior poder aquisitivo, aumentando ainda mais a lacuna de oportunidades educacionais.
Inclusive, o próprio Kadosh revelou que teme que a tecnologia se torne acessível apenas para quem tem recursos financeiros, sendo necessário analisar meios de democratizar o acesso em paralelo.
Contudo, como o processo ainda está em estágio inicial, é cedo para pensar em sua aplicação prática em ambientes educacionais, o que oferece mais tempo para validar todas as hipóteses envolvidas.