Melgaço, uma pequena cidade no arquipélago do Marajó, no Pará, ganhou notoriedade nacional no ano passado por viver 228 dias de calor extremo.
Este é um recorde no Brasil, e afeta diretamente a população de aproximadamente 28 mil habitantes (censo de 2022), que vivem principalmente do plantio de açaí.
A cidade é vulnerável devido a desafios econômicos e isolamento, o que reflete um quadro preocupante de mudanças climáticas que impactam severamente regiões menos desenvolvidas.
Desafios do calor extremo
Para os moradores de Melgaço, o calor é mais que um simples desconforto; ele transforma a rotina e põe em risco a sobrevivência. Durante 2024, as temperaturas chegaram a 38°C, consideravelmente acima da média de 32°C em meses mais quentes.
Sem acesso amplo à energia elétrica e com infraestrutura precária, a cidade enfrentou sérios problemas no abastecimento de água. A seca também afetou diretamente a produção agrícola, com poços secando e muitas famílias perdendo parte considerável de suas colheitas.
Seca e queimadas
O calor extremo não foi a única adversidade em Melgaço. As queimadas no Pará, que atingiram níveis recordes em 2024, agravaram a qualidade do ar, impactando especialmente a saúde de crianças e idosos com problemas respiratórios.
A seca severa fez com que animais selvagens, como onças, se aproximassem das comunidades em busca de recursos. O fenômeno El Niño contribuiu para a redução de umidade na região, exacerbando esses problemas.
Por que o Pará foi tão impactado pelo calor no ano passado?
O Pará abriga uma porção significativa da Floresta Amazônica e, em 2024, liderou os índices de desmatamento e queimadas.
A combinação do efeito El Niño, que aquece os oceanos, com atividades humanas intensificou a seca e elevou as temperaturas, destacando a urgência de políticas eficazes para deter o desmatamento e promover práticas sustentáveis. O Estado enfrenta o desafio de equilibrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.