Algumas cafeterias na Espanha estão transformando a experiência gastronômica de moradores locais e turistas ao adotar a prática de cobrar pelo tempo que os clientes permanecem à mesa.
Essa abordagem é particularmente evidente em locais turísticos de Barcelona e Madri. A estratégia foi adotada em resposta ao grande número de turistas, tornando necessário maximizar o uso dos espaços.
Prática em expansão
Barcelona e Madri, principais cidades do turismo espanhol, começaram a observar mudanças significativas na dinâmica dos cafés devido ao afluxo massivo de visitantes.
A Espanha, com quase 94 milhões de turistas anuais, é o segundo país mais visitado do mundo, atrás apenas da França. Essa pressão turística levou muitos estabelecimentos a repensarem suas práticas para lidar com a crescente demanda.
O fenômeno dos “escritórios” em cafés
A cobrança pelo tempo tem um duplo objetivo: aumentar a rotatividade e assegurar faturamento. No entanto, essa mudança afeta clientes frequentes e trabalhadores locais que utilizam essas cafeterias como espaços de trabalho alternativos.
Após a pandemia, o uso de cafés como escritórios temporários tornou-se comum, inclusive no Brasil. Com a nova política, clientes espanhóis veem suas rotinas impactadas, criando uma barreira para trabalhadores remotos que precisam de um local para se concentrar.
Reação da população local
Para os moradores, além do turismo intenso, há uma percepção crescente de que espaços comunitários estão sendo ajustados para atender predominantemente os turistas.
O aumento no custo de vida e a transformação de áreas comunitárias em atrativos turísticos agravam essa sensação. O uso dos cafés como hubs de trabalho agora enfrenta resistência devido às novas regras.
A introdução da cobrança por tempo gerou discussões nas redes sociais, onde muitos questionam se tal medida é uma solução necessária ou exagero. Esta prática reflete preocupações mais amplas com a gentrificação e os custos crescentes em áreas urbanas turísticas.
Diante desse cenário, a expectativa é que mais estabelecimentos em áreas de alta demanda adotem políticas semelhantes. O desafio é equilibrar uma experiência acolhedora para os locais e a rentabilidade associada ao turismo.