Na década de 1920, Henry Ford, deu início a um ousado projeto na Amazônia: Fordlândia. Localizada às margens do Rio Tapajós, no Pará, a cidade foi concebida para produzir látex, visando reduzir a dependência do mercado europeu.
A borracha era essencial para a fabricação de pneus e peças automotivas da Ford Motor Company. Além do suprimento de matéria-prima, Ford planejava implantar uma cidade autossustentável, refletindo os valores e o estilo de vida norte-americanos.
A construção de uma cidade-modelo
Fordlândia apareceu como uma cidade-modelo, com hospital, escolas e residências no estilo suburbano americano. As instalações chegaram prontas de Michigan, incluindo áreas de lazer como um campo de golfe e piscinas.
Este investimento trouxe um estilo de vida similar ao dos Estados Unidos, algo inusitado para sua localização e época.Entretanto, a jornada enfrentou grandes desafios.
A monocultura de seringueiras não conseguiu prosperar devido a pragas como o fungo Microcyclus ulei e à inadequação das condições climáticas da Amazônia. Além disso, as práticas culturais impostas, como a alimentação e os rígidos horários, não se adequaram à realidade local.
Conflitos e reviravoltas em Fordlândia
As tensas regras levaram a conflitos com os trabalhadores locais. Uma grande revolta aconteceu em 1930, conhecida como “quebra-panelas”, quando trabalhadores destruíram partes da cidade, expressando insatisfação com o modo de vida ditado pela administração. O descontentamento era visível diante das dificuldades na produção de látex, que nunca atingiu os níveis esperados.
Com a popularização da borracha sintética durante os anos 1940, a importância do látex natural diminuiu significativamente na indústria automobilística. Em 1945, sob o comando de Henry Ford II, o projeto foi encerrado. Fordlândia foi devolvida ao governo brasileiro por cerca de US$ 250 mil.
Legado e futuro de Fordlândia
Apesar do fracasso financeiro, Fordlândia continua a ser um tema de interesse histórico e cultural. Hoje, a vila é habitada por cerca de 1.200 pessoas, de acordo com dados de 2010.
Há esforços em andamento para transformá-la em patrimônio histórico, preservando sua infraestrutura original e sua narrativa singular na Amazônia. O local atrai acadêmicos e entusiastas do turismo histórico, mantendo viva a memória deste audacioso empreendimento.