Uma expedição realizada pela Divisão Antártica Australiana (AAD) revelou uma nova faceta da biodiversidade no continente gelado.
A bordo do navio quebra-gelo RSV Nuyina, cientistas australianos desbravaram a Antártida Oriental por 60 dias. A missão visou documentar espécies marinhas raras e estudar os efeitos do aquecimento global.
A expedição começou em março, percorrendo um trajeto de quase 4 mil quilômetros até a geleira Denman. As descobertas ampliam o conhecimento sobre espécies desconhecidas e o impacto das mudanças climáticas na região.
Criaturas marinhas surpreendentes
Durante a jornada, os cientistas encontraram espécies únicas, como os porcos-do-mar rosados e aranhas-do-mar de tamanho considerável.
Conhecidos como pepinos-do-mar, esses porcos-do-mar são famosos pela coloração distinta. As aranhas-do-mar, ou picnogônidos, atingem dimensões semelhantes às de uma mão humana.
A expedição também capturou imagens da diversidade marinha usando um “poço úmido”, tecnologia projetada para preservar os organismos frágeis durante a coleta e observação.


Importância da geleira Denman
A atenção dos pesquisadores estava voltada para a geleira Denman. O colapso desse massivo bloco de gelo pode elevar o nível do mar globalmente em até 1,5 metro.
Durante a expedição, observou-se que correntes oceânicas intensas estavam influenciando o derretimento, alimentadas por padrões de temperatura que combinavam frio nas camadas profundas e calor intermediário.
Tais descobertas são fundamentais para prever os efeitos das mudanças climáticas nos ecossistemas polares.
Uso de tecnologias avançadas
Tecnologias sofisticadas foram fundamentais para o sucesso da missão. O uso do poço úmido permitiu que os cientistas observassem o comportamento e a reprodução de espécies, como a borboleta-do-mar.
Esta espécie marinha depositou ovos a bordo, oferecendo dados jamais vistos. Além disso, a equipe rastreou um iceberg com tonalidade esverdeada perto da plataforma de gelo de Shackleton.
Surgimento de ecossistemas ocultos
Além dos estudos na geleira Denman, outras missões no continente revelaram ecossistemas surpreendentes. Um dos destaques foi um viveiro de peixes gigantes no mar de Weddell, demonstrando a adaptabilidade extrema das espécies.
Essas descobertas refletem a resiliência das formas de vida antárticas, como o Promachocrinus, um animal marinho com 20 braços, que ilustra a capacidade de adaptação a ambientes extremos e a riqueza ainda pouco explorada dessa região.

Perspectivas futuras
Essas expedições fornecem insights essenciais para entender a dinâmica dos ecossistemas polares e os impactos das mudanças climáticas.
O conhecimento adquirido enfatiza a importância de preservar estas áreas frágeis e pouco conhecidas, vitais para o equilíbrio ecológico global.