Aranhas da família Uloboridae, conhecidas por capturar presas sem o uso de veneno, são objeto de estudos científicos que revelam seu sistema único de enzimas digestivas.
Essas aranhas utilizam um fluido digestivo poderoso para consumir suas presas, protegendo suas pernas desse fluido agressivo. Recentemente, pesquisadores descobriram que esse mecanismo digestivo pode compartilhar uma origem evolutiva com sistemas venenosos de outras aranhas.
Enzimas digestivas das Uloboridae
Entre as enzimas digestivas presentes nas aranhas Uloboridae estão peptidases, carboidrases e lipases, que desempenham papéis fundamentais na quebra de proteínas, carboidratos e lipídios das presas.

Notavelmente, a presença da enzima esfingomielinase D, anteriormente associada a venenos, indica uma possível origem evolutiva comum entre enzimas digestivas e tóxicas. Esse avanço na pesquisa proporciona novos caminhos para o estudo da evolução e adaptação das aranhas.
A adaptação das Uloboridae
As Uloboridae não possuem glândulas de veneno, o que as torna um modelo único para estudar enzimas digestivas.
Evolutivamente, essas aranhas desenvolveram estratégias para capturar e consumir presas eficazmente, envolvendo-as em teias antes de aplicar seu fluido digestivo sobre elas. Esse fluido degrada não apenas as presas, mas também as próprias teias.
A ausência de veneno coloca as Uloboridae em uma posição especial para pesquisas sobre digestão externa. A capacidade dessas aranhas de utilizar exclusivamente enzimas digestivas aponta para uma adaptação especializada, desafiando conceitos tradicionais sobre a digestão em aranhas.
Avanços biotecnológicos e medicinais
O estudo das enzimas digestivas das Uloboridae abre portas para aplicações significativas na biotecnologia.
A identificação de enzimas únicas e inibidores de enzimas pode contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos. Por exemplo, inibidores de tripsina presentes no fluido digestivo das Uloboridae podem ser explorados como anticoagulantes e em tratamentos de doenças de pele, como alergias e dermatites atópicas.
As enzimas dessas aranhas possuem potencial para inovações na indústria farmacêutica e cosmética. As descobertas também ressaltam a importância de preservar a biodiversidade dessas aranhas para futuras pesquisas e aplicações práticas.