Reprodução/ XPablo Marçal e Jair Bolsonaro: Nós? - Foto: Reprodução/X

Guerra nas redes

Clã Bolsonaro decide escantear Pablo Marçal e, dessa vez, seus interesses coincidem com o de Valdemar Costa Neto em São Paulo
23.08.24

Pablo Marçal (PRTB), não há como negar, encheu as eleições paulistanas de eletricidade. Seu estilo agressivo deixou adversários como o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ativista Guilherme Boulos (Psol) sem saber como reagir, a ponto de cancelarem a presença em debates ao seu lado. Usando vídeos curtos com grande habilidade nas redes sociais, ele conseguiu dar uma arrancada nas intenções de voto. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 22, ele agora está embolado justamente com Boulos e Nunes, que antes lideravam com folga: o primeiro aparece com 23%, Marçal com 21% e o emedebista, com 19% das intenções de voto. Mas há dois fatores que podem bloquear a ascensão do “ex-coach”. Na Justiça Eleitoral, denúncias de abuso de poder econômico podem acabar impugnando sua candidatura. O segundo fator é mais curioso: a família Bolsonaro declarou guerra a ele.

Até o final da semana passada, a situação era ambígua. Jair Bolsonaro se deixava cortejar tanto por Nunes quanto por Marçal. A aproximação com o prefeito de São Paulo deveu-se às articulações de Valdemar Costa Neto, chefão do PL, o partido que abriga o “capitão”. Bolsonaro resistiu o quanto pode a fazer a aliança e só cedeu quando conseguiu emplacar como vice na chapa um nome de sua confiança – o policial militar da reserva Ricardo de Mello Araújo. Mesmo assim, deixava claro que Nunes não era o seu “candidato dos sonhos”. Marçal, por outro lado, repetia palavras de ordem do bolsonarismo (Deus, família, abaixo o comunismo etc.) e cortejava o próprio Bolsonaro, recebendo em troca alguns elogios mornos e esporádicos.

A situação começou a azedar na sexta-feira, 16. Nesse dia, Carlos Bolsonaro  reclamou em suas redes sociais de uma entrevista em que Marçal atribui a ele boa parte da responsabilidade pela derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O filho 02 já vinha se sentindo incomodado com o assédio de Marçal ao pai fazia algum tempo.

Horas mais tarde, foi a vez de Eduardo Bolsonaro, o filho 03, se enfezar. Em um encontro agendado pelo marqueteiro Duda Lima, ele havia se encontrado com Nunes e gravado um vídeo de apoio a ele. Não demorou e Marçal postou nas redes um vídeo com falas manipuladas, no qual tanto Bananinha quanto seu pai endossavam a sua própria candidatura.

Segundo integrantes do núcleo bolsonarista ouvidos por Crusoé, esse gesto foi  visto como um abuso, uma rasteira. Afinal, Eduardo é um dos principais representantes do PL em São Paulo e, nessa posição, recebeu  promessas de influência e poder na cidade, caso Nunes seja reeleito. A máquina paulistana também poderia ajudá-lo caso ele busque uma cadeira no Senado em  2026.

Desde então, a fervura só aumentou. Na quarta-feira, 21, Eduardo chamou Marçal de “arregão”, por ter desmarcado a participação na live de um influenciador bolsonarista.

Na manhã desta quinta, 22, o próprio Jair deu um encontrão em Marçal. Os dois discutiram publicamente no Instagram. A confusão começou quando Marçal comentou um post de Bolsonaro em que ele falava sobre realizações de seu governo na área de infraestrutura.

“Pra cima deles, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, disse Marçal.

Bolsonaro respondeu com ironia:  “Nós? Um abraço.”

E Marçal retrucou: “Isso mesmo. Coloquei 100 mil reais na sua campanha pra presidente, te ajudei nas estratégias digitais, fiz você gravar mais de 800 vídeos no Planalto. Entrei na lista de investigados da PF por te ajudar.” 

Ele também pediu que os 100 mil reais sejam devolvidos, caso o ex-presidente não o veja como aliado. O perfil oficial de sua campanha reproduziu toda a treta.

Eduardo e Marçal ainda trocaram outras joelhadas pelas redes, mas não é preciso reproduzi-las. O clima já estava bastante deteriorado quando o Datafolha foi divulgado, mostrando o crescimento de Marçal e piorando ainda mais as coisas.

Os Bolsonaro agora acreditam que Marçal está usando Jair Bolsonaro como escada, sem respeitar seus interesses e compromissos políticos. Em vez de beijar a mão do ex-presidente, estaria tentando invadir sua seara. E isso, para o bolsonarismo, é um pecado capital. A força de Marçal nas redes sociais é outro motivo de perturbação. É a primeira vez que a família Bolsonaro se sente desafiada nesse meio. É uma guerra que pode deixar feridos dos dois lados.

Os demais candidatos à prefeitura de São Paulo observam o embate e esperam se beneficiar dele. O momento é crucial para Ricardo Nunes, acima de todos. É dele que Marçal vem tirando votos. E é ele quem precisa convencer o eleitor bolsonarista que a aliança com o ex-presidente é para valer. “Até agora, Bolsonaro arcou com o desgaste de apoiar um político que não entusiasma os seus seguidores”, diz um bolsonarista que atua no QG de campanha do prefeito. “Nunes precisa urgentemente retribuir.”

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
  1. No primeiro turno votarei pela escolha consciente no melhor e mais preparado nome: MARINA HELENA do NOVO, ficando com esse partido também para vereador em São Paulo. No segundo turno escolherei o nome que impeça a eleição do pior…

  2. A meu ver, Bolsonaro foi mordido pela mosca verde da ambição e super ego. Está faltando humildade na família e isto pode prejudica-lo, no futuro. Marçal sempre elogiou Bolsonaro muito antes de ter disputa política por SP. Para mim, Bolsonaro deu um tiro no pé ao se aliar com candidato do MDB, partido que sempre esteve em cima do muro e nitidamente nunca foi do lado conservador.

    1. Humildade em família de criminosos de todos os níveis? Ali, por enquanto, só salva a Laurinha. Ela é muito jovem ainda pode mudar, o DNA de bandido ela traz com ela.

  3. Direita, isso? Os Conservadores clássicos devem se revirar nos túmulos. Populismo barato turbinado pelas redes e pela insatisfação generalizada. O Bolsonarismo se estabeleceu assim. É a outra face do socialismo que se refastela no dinheiro público.

  4. O eterno problema da nossa direita: ego, vaidade, ciúmes. Por conta disso, aparecem vários candidatos "de direita" roubando os votos um do outro, quando o objetivo deveria ser um só - ganhar e em São Paulo ganhar para dar cabo do Boulos de uma vez por todas. Se o Marçal é "o cara" que está subindo nas pesquisas, então por que atacá-lo. Casem com ele e façam a direita vencer. Se continuar nesse mimi, a direita vai acabar perdendo sempre. E olha que perder São Paulo não é pouca coisa.

    1. Quando dois brigam um terceiro faz a festa. Espero que a festeira seja a Maria Helena, candidata do NOVO. SP, assim como o resto do Brasil, já está cansado de mequetrefes tentando dar o golpe para meter as patas nos cofres públicos.

  5. Os 🐀🐀🐀🐀🐀🐀se digladiando .esco rias de um mesmo esgo tô pútrido .A MAIS CONFIÁVEL É TABATA

  6. Tarde demais. Acredito, pelo andar da carruagem, que Marçal ganhe no primeiro turno, pois, bobo ele não é. Mesmo que não ganhe no primeiro turno, será eleito no segundo. Reeleger o Nunes ou eleger o esquerdopata, seria uma tragédia para São Paulo.

Mais notícias
Assine agora
TOPO