Zé Vitor vê problemas em campanha de vacinação e dá prazo a Padilha
Novo presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados falou a Crusoé quais temas sua gestão vai priorizar neste ano

O novo presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, Zé Vitor (PL-MG), disse nesta semana que vacinação é um assunto que estará na pauta do colegiado neste ano e criticou as campanhas de imunização do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar concedeu entrevista exclusiva a Crusoé, na qual explicou quais temas sua gestão vai priorizar e como será a relação com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
"Vacina não nos assusta, o tema vacinação não nos afasta. Eu particularmente desconheço alguém que não acredite no potencial da vacina. Há outras discussões, e elas são também inevitáveis de serem tratadas aqui, sobre o período, o término, o tempo necessário para os testes, tudo isso é realmente discutível. Mas ninguém discute a necessidade da vacina, na nossa história e também na necessidade da sua contribuição para o futuro", disse Zé Vitor.
"Então nós temos que tratar de vacina. De fato, nós temos que colocar na mesa. É uma vergonha a campanha de vacinação do atual governo. Nós não encontramos elementos que provem que houve de fato um esforço para garantir que os números de vacinação pudessem melhorar no Brasil", acrescentou.
Em fevereiro, ao autorizar os estados e o Distrito Federal a ampliar a vacinação contra a dengue, o governo federal informou que, em 2024, enviou 6,5 milhões de doses da vacina contra a doença aos estados e municípios, mas que somente 3,3 milhões haviam sido aplicadas. "A situação é ainda mais preocupante entre os adolescentes: aproximadamente 1,3 milhão de jovens que iniciaram o esquema vacinal não retornaram para a segunda dose, comprometendo a eficácia da imunização", acrescentou o comunicado.
Em relação à covid-19, dados da pasta mostram que a cobertura vacinal monovalente contra a doença é de 86,51% (duas doses) e 56,25% (três doses). No caso da DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), foi de 89,55% em 2024, 86,27% em 2023 e 77,25% em 2022, ante uma meta de 95%. Já em relação à BCG (contra tuberculose), 92,78% em 2024, 84,67% em 2023 e 90,09% em 2022, ante uma meta de 90%.
Zé Vitor diz que vai dialogar com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante sua presidência na Comissão de Saúde. Padilha tomou posse como titular da pasta em 10 de março. Ele substituiu Nísia Trindade no cargo.
O parlamentar e o ministro se reuniram na última quarta-feira, 26. Segundo Zé Vitor, foi uma conversa "amistosa, institucional, tratando dos trabalhos iniciais da comissão". "Uma conversa superficial sobre saúde no país, mas já com essa garantia de que a gente precisa ter um debate franco, aberto".
O deputado ressalta que o orçamento do Ministério da Saúde é o terceiro maior, atrás apenas das pastas da Previdência Social e do Desenvolvimento Social. "São 240 bilhões de reais previstos para 2025, é um valor significativo, em que eu considero haver muito dinheiro e pouco resultado. Nós escolhemos um modelo de saúde. O SUS, eu acredito no SUS, mas nós escolhemos um modelo de saúde que tem seu custo, tem suas falhas, suas demandas, que precisam ser aprimoradas".
Prioridades
Como temas que terão prioridade na Comissão de Saúde durante sua gestão, além da vacinação, Zé Vitor cita o financiamento do sistema de saúde, os planos de saúde, as saúdes materna e indígena e "a necessidade de se criar um grande plano nacional para a questão cardiológica", entre outros.
"A Comissão de Saúde é uma comissão muito grande, 104 membros, então naturalmente ela traz muitas demandas regionais, isso é natural. E é também a principal bandeira de muitos parlamentares, mas sem dúvida nenhuma nós temos algumas prioridades", ressalta.
Prazo a Padilha
Ainda de acordo com o deputado, "com certeza" Padilha será chamado para ir ao colegiado. "Já adiantei isso para ele na quarta-feira. Nós já temos pedidos de convocação e de convite, outros vão surgir, sem dúvida nenhuma, já tratei isso com ele, dei a ele um prazo para que ele tome pé da situação", afirmou, acrescentando que "não vale a pena o ministro ir nos próximos dias", pois Padilha ainda está entendendo números e a real situação do ministério.
"Então nas próximas semanas, final de abril, início de maio, ele precisa e estará presente. Ele também não fugiu desse compromisso. Preciso dizer aqui que o Padilha foi extremamente cortês, gentil. Nós teremos uma conversa franca, direta, objetiva, sem rodeios, mas a Comissão de Saúde está acima das divisões partidárias, embora não esteja fora desse debate entre governo e oposição", salientou o parlamentar.
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