Crusoé
16.11.2025 Fazer Login Assinar
Crusoé
Crusoé
Fazer Login
  • Acervo
  • Edição diária
Edição Semanal
Pesquisar
crusoe

X

  • Olá! Fazer login
Pesquisar
  • Acervo
  • Edição diária
  • Edição Semanal
    • Entrevistas
    • O Caminho do Dinheiro
    • Ilha de Cultura
    • Leitura de Jogo
    • Crônica
    • Colunistas
    • Assine já
      • Princípios editoriais
      • Central de ajuda ao assinante
      • Política de privacidade
      • Termos de uso
      • Política de Cookies
      • Código de conduta
      • Política de compliance
      • Baixe o APP Crusoé
    E siga a Crusoé nas redes
    Facebook Twitter Instagram
    Edição Semana 347

    O Brasil precisa libertar-se de Oscar Niemeyer

    O problema é que a qualidade de sua produção decaiu com o tempo, e ele viveu muito: morreu em 2012 aos 104 anos

    avatar
    Josias Teófilo
    4 minutos de leitura 27.12.2024 03:30 comentários 10
    Memorial da América Latina em São Paulo. Foto: Wikimedia Commons
    • Whastapp
    • Facebook
    • Twitter
    • COMPARTILHAR

    Oscar Niemeyer tem seu lugar na história da arquitetura.

    Nascido em 1907, foi provavelmente um dos arquitetos que mais construiu no mundo: fez os principais prédios da capital do Brasil, cidade nascida já moderna, projetou a sede da ONU em Nova York, a sede do Partido Comunista francês, e tantos outros edifícios internacionalmente reconhecidos.

    Niemeyer é o arquiteto do grande gesto formal: consegue como ninguém demarcar um espaço e conceber a forma arquitetônica como símbolo.

    Fez isso em Brasília – na Praça dos Três Poderes, na Catedral da cidade, ou na Igrejinha (que não é menos relevante) – no Museu do Olho em Curitiba, na Pampulha em Belo Horizonte, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Palácio Mondadori em Milão, e por aí vai.

    O problema é que a qualidade da produção de Oscar Niemeyer decaiu com o tempo, e ele viveu muito: morreu em 2012 aos 104 anos.

    E com o prestígio crescente, Niemeyer produziu até o final da vida, com o escritório que o dava suporte – aparentemente ele desenhava os traços gerais e os outros arquitetos do escritório detalhavam as obras.

    O arquiteto tinha o hábito de criar um palco para as próprias obras: fez isso na Praça dos Três Poderes, no Memorial de América Latina em São Paulo, e no Parque Dona Lindu, no Recife. Ele criava a obra e o palco para obra.

    No caso do Parque Dona Lindu isso causou um problema grave.

    O parque era um terreno pertencente à Marinha na beira-mar do bairro de Boa Viagem, no Recife.

    Uma associação de moradores do bairro pediu durante anos que um parque fosse construído no local.

    Um parque, não uma estrutura de concreto sem árvores.

    O prefeito do Recife na ocasião, João Paulo, do PT, encomendou uma obra a Oscar Niemeyer.

    Não abriu concurso para o projeto, apenas fez uma encomenda ao famoso arquiteto.

    O resultado foram duas estruturas redondas, um teatro e uma galeria de arte, cercada de concreto, sem árvores.

    Evidentemente foi um escândalo: o projeto era o contrário do que os moradores pediam.

    Uma paródia de uma música de Alceu Valença viralizou nas redes sociais criticando o projeto, em é dito: “Fizeram um parque esquisito na praia de Boa Viagem, botaram dois prédios redondos em formato de c*”.

    O projeto foi alterado pelo arquiteto, que acrescentou mais árvores, diminuiu a superfície com concreto, e o projeto foi construído.

    Hoje é um dos espaços públicos mais feios do Recife.

    Eu pessoalmente gostaria de vê-lo dinamitado, talvez das ruínas cobertas pela vegetação surgisse algo mais interessante.

    Penso o mesmo em relação ao Memorial da América Latina, em São Paulo.

    A obra de Niemeyer foi feita às pressas e tem inúmeros problemas: a biblioteca não foi construída tendo um cuidado acústico, tudo repercute imensamente por causa do teto arredondado, a galeria de arte precisou ser inteiramente coberta de cortinas, e o principal: o lugar é uma praça fechada, coberta de concreto, sem o mínimo de integração com a natureza.

    Um lugar que, em suma, não integrou-se à cidade, nem à sua vida cultural.

    Precisamos fazer uma revisão crítica do modernismo brasileiro, incluindo a obra de Oscar Niemeyer, e refletir seriamente sobre o que precisa ser mantido e o que deve ser requalificado, alterado ou até destruído, como é o caso dessas duas obras.

    A dificuldade em trazer esse debate à tona é o que modernismo, no Brasil, já nasceu consagrado, e tornou-se hegemônico no meio acadêmico – e a hegemonia persiste até hoje.

    Josias Teófilo é cineastas, escritor e jornalista

    As opiniões dos colunistas não necessariamente refletem as de Crusoé e O Antagonista

    Diários

    Deputado questiona Rui Costa sobre gastos do governo com a COP30

    Guilherme Resck Visualizar

    COP30 não fez brasileiros esquecerem criminalidade

    Redação Crusoé Visualizar

    Crusoé nº 394: Festa na floresta

    Redação Crusoé Visualizar

    Johannes Kaiser é o 'Milei chileno'?

    João Pedro Farah Visualizar

    Ex-presidente do INSS contesta PF: “Informações distorcidas”

    Redação Crusoé Visualizar

    PL estuda pedir a suspensão de ação penal de Eduardo Bolsonaro no STF

    Wilson Lima Visualizar

    Mais Lidas

    A ópera pop de Rosalía

    A ópera pop de Rosalía

    Visualizar notícia
    A primeira pesquisa sobre Renan Santos contra Lula

    A primeira pesquisa sobre Renan Santos contra Lula

    Visualizar notícia
    COP30 não fez brasileiros esquecerem criminalidade

    COP30 não fez brasileiros esquecerem criminalidade

    Visualizar notícia
    Deputado questiona Rui Costa sobre gastos do governo com a COP30

    Deputado questiona Rui Costa sobre gastos do governo com a COP30

    Visualizar notícia
    Festa na floresta

    Festa na floresta

    Visualizar notícia
    Johannes Kaiser é o 'Milei chileno'?

    Johannes Kaiser é o 'Milei chileno'?

    Visualizar notícia
    Lei do mercado se impõe na selva da COP30: marmitas a 10 reais

    Lei do mercado se impõe na selva da COP30: marmitas a 10 reais

    Visualizar notícia
    Lula perde para Lula

    Lula perde para Lula

    Visualizar notícia
    Lula reclama de "manter um jovem na cadeia por falta de oportunidade"

    Lula reclama de "manter um jovem na cadeia por falta de oportunidade"

    Visualizar notícia
    O fracasso da produção audiovisual da Netflix no Brasil

    O fracasso da produção audiovisual da Netflix no Brasil

    Visualizar notícia

    Tags relacionadas

    arquitetura

    Oscar Niemeyer

    < Notícia Anterior

    A lógica do cisne catalão

    20.12.2024 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    Próxima notícia >

    Israel e Arábia Saudita

    03.01.2025 00:00 | 4 minutos de leitura
    Visualizar
    author

    Josias Teófilo

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (10)

    Ricardo coelho

    2025-01-11 00:47:11

    Parabenizo o corajoso e oportuno artigo. Niemayer fez poucas belas obras a conservar e muitas a serem descartadas. Entre as belas obras a serem conservadas, incluiria a catedral de Brasília e o palácio dos arcos, sede do Itamaraty, em Brasília. Ao concreto de Niemayer, Burle Marx adicionou belos painéis, jardins e espelhos d'água. Esses, sim, deveriam ser lembrados! Quanto à maior parte das obras de Niemayer, que os vários governantes brasileiros encomendaram ao longo de mais de 50 anos, parecem-me de pouca relevância estética, de precária funcionalidade e hostis à natureza: seja a do cerrado ou a da mata atlântica, onde se encontram a maior parte das obras do arquiteto. Essas, sim, deveriam ser objeto de revisão pelos órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico para separar o joio do trigo: preservar o que tem relevância arquitetônica; reformar o que pode ser reformado; e permitir a destruição daquilo que não tem relevância alguma. Sim, o Brasil precisa libertar-se de Niemayer!


    Marcia Elizabeth Brunetti

    2025-01-06 11:17:06

    Particularmente gosto do Museu do Olho, mas porque conseguiram integrar a obra à natureza. Provavelmente porque Niemeyer já estava muito velho, e os arquitetos da equipe respeitaram o conceito de sustentabilidade que se impôs nas construções em Curitiba. Fora isso, Niemeyer foi apenas um representante da Bauhaus no Brasil. Arquitetura fria. Contestadora, claro, por isso admirada pelos intelectuais de esquerda. Os formatos são interessantes, mas sem preocupação com a funcionalidade. Não considero isso arquitetura, mas expressão de arte.


    EDINA MARCHIONE

    2025-01-04 10:46:16

    Várias coisas de Niemeyer precisam ser revistas, não apenas esse dois exemplos. Se você já trabalhou num dos prédios projetados por ele, entende que a forma dos seus projetos se sobrepõe ao uso do espaço, o que contradiz o preceito de a forma segue a função, esse sim um dogma do modernismo.


    Paulo Saboia

    2024-12-30 12:49:51

    Quando vejo imagens aéreas do Palácio do Planalto com aquele teto horroroso, de concreto aparente, caixas e canos, fico pensando como chamar Brunelleschi, arquiteto do magnífico Duomo De Florença, se o Niemayer é quem é chamado de gênio; devemos ainda considerar que a cúpula de Florença foi construída seis séculos antes de Brasília!


    Maria Aparecida Visconti

    2024-12-30 11:31:08

    Ótima crítica. Uma vez fui a um evento no Memorial da América Latina e o calor lembrava uma fornalha.


    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2024-12-29 19:19:37

    O Brasil carece de heróis, seja por ter parido poucos indivíduos excepcionais, seja por ignorar atores verdadeiramente excepcionais. Assim acabamos por nos apegar aos que nossa elite (ou a internacional) nos dita como sumidade e paramos a aplaudi-lo mesmo quando não entendemos nem apreciamos nada.


    Clayton De Souza pontes

    2024-12-29 17:53:48

    Poderia incluir o Museu Nacional de Brasília como uma obra pra revisão. É uma meia laranja de difícil conservação e


    ADALBERTO DENSER DE SÁ JUNIOR

    2024-12-29 07:28:54

    Acho as obras do Niemayer feias.


    Luiz Filho

    2024-12-28 19:18:53

    Temos que concordar que algumas das obras são muito boas e importantes. Mas é muito provável que a exaltação para tudo que Niemeyer fez é porque nasceu, viveu e morreu comunista. Uma prova de que não era tão gênio assim


    Luiz Claudio Rezende

    2024-12-28 03:04:28

    Nunca admirei nenhuma obra dele. Não tem nada de humano, de vivo, é só concreto frio para os olhos e absurdamente quente n


    Torne-se um assinante para comentar

    Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

    Comentários (10)

    Ricardo coelho

    2025-01-11 00:47:11

    Parabenizo o corajoso e oportuno artigo. Niemayer fez poucas belas obras a conservar e muitas a serem descartadas. Entre as belas obras a serem conservadas, incluiria a catedral de Brasília e o palácio dos arcos, sede do Itamaraty, em Brasília. Ao concreto de Niemayer, Burle Marx adicionou belos painéis, jardins e espelhos d'água. Esses, sim, deveriam ser lembrados! Quanto à maior parte das obras de Niemayer, que os vários governantes brasileiros encomendaram ao longo de mais de 50 anos, parecem-me de pouca relevância estética, de precária funcionalidade e hostis à natureza: seja a do cerrado ou a da mata atlântica, onde se encontram a maior parte das obras do arquiteto. Essas, sim, deveriam ser objeto de revisão pelos órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico para separar o joio do trigo: preservar o que tem relevância arquitetônica; reformar o que pode ser reformado; e permitir a destruição daquilo que não tem relevância alguma. Sim, o Brasil precisa libertar-se de Niemayer!


    Marcia Elizabeth Brunetti

    2025-01-06 11:17:06

    Particularmente gosto do Museu do Olho, mas porque conseguiram integrar a obra à natureza. Provavelmente porque Niemeyer já estava muito velho, e os arquitetos da equipe respeitaram o conceito de sustentabilidade que se impôs nas construções em Curitiba. Fora isso, Niemeyer foi apenas um representante da Bauhaus no Brasil. Arquitetura fria. Contestadora, claro, por isso admirada pelos intelectuais de esquerda. Os formatos são interessantes, mas sem preocupação com a funcionalidade. Não considero isso arquitetura, mas expressão de arte.


    EDINA MARCHIONE

    2025-01-04 10:46:16

    Várias coisas de Niemeyer precisam ser revistas, não apenas esse dois exemplos. Se você já trabalhou num dos prédios projetados por ele, entende que a forma dos seus projetos se sobrepõe ao uso do espaço, o que contradiz o preceito de a forma segue a função, esse sim um dogma do modernismo.


    Paulo Saboia

    2024-12-30 12:49:51

    Quando vejo imagens aéreas do Palácio do Planalto com aquele teto horroroso, de concreto aparente, caixas e canos, fico pensando como chamar Brunelleschi, arquiteto do magnífico Duomo De Florença, se o Niemayer é quem é chamado de gênio; devemos ainda considerar que a cúpula de Florença foi construída seis séculos antes de Brasília!


    Maria Aparecida Visconti

    2024-12-30 11:31:08

    Ótima crítica. Uma vez fui a um evento no Memorial da América Latina e o calor lembrava uma fornalha.


    Carlos Renato Cardoso Da Costa

    2024-12-29 19:19:37

    O Brasil carece de heróis, seja por ter parido poucos indivíduos excepcionais, seja por ignorar atores verdadeiramente excepcionais. Assim acabamos por nos apegar aos que nossa elite (ou a internacional) nos dita como sumidade e paramos a aplaudi-lo mesmo quando não entendemos nem apreciamos nada.


    Clayton De Souza pontes

    2024-12-29 17:53:48

    Poderia incluir o Museu Nacional de Brasília como uma obra pra revisão. É uma meia laranja de difícil conservação e


    ADALBERTO DENSER DE SÁ JUNIOR

    2024-12-29 07:28:54

    Acho as obras do Niemayer feias.


    Luiz Filho

    2024-12-28 19:18:53

    Temos que concordar que algumas das obras são muito boas e importantes. Mas é muito provável que a exaltação para tudo que Niemeyer fez é porque nasceu, viveu e morreu comunista. Uma prova de que não era tão gênio assim


    Luiz Claudio Rezende

    2024-12-28 03:04:28

    Nunca admirei nenhuma obra dele. Não tem nada de humano, de vivo, é só concreto frio para os olhos e absurdamente quente n



    Notícias relacionadas

    O fracasso da produção audiovisual da Netflix no Brasil

    O fracasso da produção audiovisual da Netflix no Brasil

    Josias Teófilo
    14.11.2025 03:30 4 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    O Agente Secreto do intelectual orgânico

    O Agente Secreto do intelectual orgânico

    Newton Cannito
    14.11.2025 03:30 3 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Lô Borges e a esquina como licença poética

    Lô Borges e a esquina como licença poética

    Gustavo Nogy
    07.11.2025 03:30 3 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Contra a ética altruísta

    Contra a ética altruísta

    Dennys Xavier
    07.11.2025 03:30 5 minutos de leitura
    Visualizar notícia
    Crusoé
    o antagonista
    Facebook Twitter Instagram

    Acervo Edição diária Edição Semanal

    Redação SP

    Av Paulista, 777 4º andar cj 41
    Bela Vista, São Paulo-SP
    CEP: 01311-914

    Acervo Edição diária

    Edição Semanal

    Facebook Twitter Instagram

    Assine nossa newsletter

    Inscreva-se e receba o conteúdo de Crusoé em primeira mão

    Crusoé, 2025,
    Todos os direitos reservados
    Com inteligência e tecnologia:
    Object1ve - Marketing Solution
    Princípios Editoriais Assine Política de privacidade Termos de uso