Carlos Pereira: Por que a democracia brasileira não morreu?

Cientista político lança livro comentando
12.07.24

O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) acredita que a democracia brasileira está bem protegida contra as ações autoritárias de presidentes populistas.

Coautor do livro Por que a democracia brasileira não morreu?, escrito com o cientista político Marcus André Melo, da Universidade Federal de Pernambuco, Pereira disse para o Crusoé Entrevistas que há dois fatores que se mostraram eficientes como protetores da democracia.

O primeiro é a realização de várias eleições competitivas, gerando muita incerteza sobre quem vai ser o vencedor do jogo e em que o resultado é aceito, sem virada de mesa. “A literatura mostra que quando os países conseguem ter mais de três episódios eleitorais competitivos, legítimos, incertos, a probabilidade de quebra democrática é próximo de zero“, diz Pereira. “Nós, no Brasil, já fomos para o nono episódio eleitoral para a presidência. Se levarmos em consideração esse preditor, nós estamos muito bem, obrigado.

O segundo fator é a riqueza de um país: nações mais ricas têm democracias mais resilientes. “De acordo com estudos empíricos, países que têm PIB per capita acima de 5 mil dólares não quebram. Não se sabe como ocorre esse mecanismo, mas não há uma causalidade, mas uma realidade empírica“, diz Pereira. “Há um casamento muito estável entre capitalismo e democracia, quando o capitalismo consegue gerar crescimento. Democracias normalmente quebram quando os países são muito pobres e quando as elites predatórias se perpetuam no poder, sem integrar a grande massa da população. Mas o Brasil está acima desse patamar.”

O livro Por que a democracia brasileira não morreu?, lançado este ano, é praticamente uma resposta ao Como as democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Esse livro, lançado em 2018, tornou-se um best-seller mundial ao divulgar a ideia de que populistas podem facilmente concentrar poder e eliminar controles ao executivo em um segundo mandato.

Pereira não acredita que a democracia dos Estados Unidos esteja em risco caso Donald Trump volte à Casa Branca. “Os Estados Unidos têm uma democracia robusta, que é a mais antiga do mundo, com um sistema muito sofisticado de pesos e contrapesos, um presidencialismo com separação de poderes, um federalismo robusto, uma sociedade civil extremamente ativa e vigilante e uma mídia muito independente. Então é muito pouco provável que a democracia americana sucumba com um novo mandato de Trump. Mas isso não quer dizer que a eleição de populistas não traga algum tipo de estresse para a convivência democrática“, diz Pereira.

 

Assista à entrevista com Carlos Pereira abaixo:

 

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  1. Me perdoe senhor cientista político. Eleições competitivas com partidos com 1 Bilhão pra gastar? Riqueza do país ? O Brasil integrou grande massa da população? Desculpe. É difícil de engolir, mas respeito sua opinião.

  2. Simples porque o Gaçlinheiro Brazyllis é o país da deDocracia ... haja ditadura no rabicó dos manés ... no censor.

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