Vinte anos do 11 de setembro: a sombra da Al Qaeda ressurge no Afeganistão
Os Estados Unidos e seus aliados começaram a bombardear o Afeganistão em outubro de 2001 para derrotar o grupo terrorista Al Qaeda, autor dos atentados contra as Torres Gêmeas de 11 de setembro. Vinte anos depois, a mesma Al Qaeda continua sendo vista pelo Pentágono como uma ameaça e tem mostrado influência junto ao Talibã,...
Os Estados Unidos e seus aliados começaram a bombardear o Afeganistão em outubro de 2001 para derrotar o grupo terrorista Al Qaeda, autor dos atentados contra as Torres Gêmeas de 11 de setembro. Vinte anos depois, a mesma Al Qaeda continua sendo vista pelo Pentágono como uma ameaça e tem mostrado influência junto ao Talibã, que tomou o poder no país no dia 15 de agosto. Caso a Al Qaeda consiga operar em um território amplo e com impunidade, assim como fez no primeiro governo do Talibã, entre 1996 e 2001, especialistas não têm dúvidas de que o grupo passará a planejar ataques no exterior, reiniciando o ciclo de terror.
Essa influência pode ser vista na composição do novo governo interino, anunciado pelo Talibã durante esta semana. Os terroristas da Al Qaeda emplacaram um importante aliado no primeiro escalão, Sirajuddin Haqqani, que assumiu o Ministério do Interior, responsável por cuidar da polícia e da segurança interna.
Sirajuddin Haqqani comanda a Rede Haqqani, fundada por seu pai e que é o principal elo entre o Talibã e a Al Qaeda. Haqqani fala árabe e foi próximo da Arábia Saudita e de países do Golfo, que o financiaram no passado. Também manteve contato com o serviço secreto paquistanês, do qual já recebeu armas e dinheiro.
A Rede Haqqani, assim como a Al Qaeda, tem como alvo principal os Estados Unidos e o Ocidente. Isso nunca mudou. Depois da invasão americana em 2001, a organização realizou diversos ataques. Também fez uso de pelotões de fuzilamento e decapitações públicas. O grupo foi pioneiro em usar atentados suicidas no Afeganistão contra soldados americanos. Em 2008, realizou um atentado na sala de ginástica do Hotel Serena, em Cabul, deixando seis mortos, incluindo um americano. Três anos depois, promoveu um cerco à embaixada americana que durou 19 horas e deixou sete mortos e 15 feridos. Por causa disso, Sirajuddin Haqqani está na lista dos mais procurados pelo FBI (foto), que oferece até 10 milhões de dólares por informações que levem à sua captura.
O fato de Haqqani ter sido escolhido para cuidar da segurança não poderia ser pior presságio do que pode acontecer no Afeganistão. Mais do que isso, seu tio Khalil Haqqani foi nomeado para comandar o Ministério para os Refugiados. Caberá a ele decidir, portanto, o que poderá ocorrer com os americanos e europeus que ainda não deixaram o país.
A Rede Haqqani ainda tem laços com o Estado Islâmico Khorasan, EI-K, a filial do EI no Afeganistão que realizou o atentado ao aeroporto de Cabul semanas atrás. Apesar de o Talibã e o EI-K serem rivais, a Rede Haqqani consegue fazer alianças de conveniência com os dois, aproveitando-se da fragmentação que existe dentro do Talibã.
Segundo um relatório do Conselho de Segurança da ONU, publicado em junho, a Al Qaeda tem hoje entre 200 e 500 membros. É um número baixo considerando que 20 mil homens já passaram pelos campos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão quando o Talibã governou o país, entre 1996 e 2001.
Mas, assim como outros grupos terroristas, caso volte a dominar um território grande, a Al Qaeda passará a planejar e a executar ações em outros países. Atentados mundo afora poderão ser feitos principalmente por meio de suas franquias, sendo que as mais perigosas estão no Iêmen e na Somália.
"A Al Qaeda hoje é como uma hidra, uma serpente com muitas cabeças. Também está mais dispersa geograficamente. Tem filiais em todo o mundo muçulmano, enquanto em 11 de setembro de 2001 estava principalmente relegada a operar dentro e ao redor dos territórios controlados pelo Talibã no Afeganistão", afirma o ex-agente do FBI Ali Soufan, que participou de interrogatórios em Guantánamo e identificou o autor intelectual dos atentados contra as Torres Gêmeas, Khaled Sheik Mohammed.
"O grupo hoje está focado em questões locais, mas esse foco pode mudar", disse Soufan em entrevista para o Centro de Combate ao Terrorismo da Academia de West Point, nos Estados Unidos.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (3)
Rogerio
2021-09-13 06:14:56Os político Americanos i em de respostas a atentados o que não acontece a um bom tempo, isso é ótimo, mas, eu disse mas um pouco de forte emoção trás de volta o discurso nos EUA X O terror. Não é bom acabar a guerra ao terror para a indústria bélica americana então, acrouxaram a corda para estica-lá depois, o velho ciclo de ter um inimigo comum para manter a nação esplorando o resto do mundo.
KEDMA
2021-09-12 11:30:13Ótima reportagem Duda.
Nyco
2021-09-11 23:14:33Podem anotar aí: Os Talebans (estudantes) vão investir pesado na plantação de papoula, da qual, já é o maior produtor do mundo, só que em pequena escala. A morfina extraída dessa planta, pode ser transformada em laboratórios clandestinos em heroína, um dos entorpecentes mais caros e viciantes do mundo e, a maior parte dele é consumida em países da Europa e também pelos Estados Unidos. O Taleban vai se monetizar rapidinho e investir tudo em armamento. O mundo que se cuide. MITO 2022.