Vingança pessoal? Por que Lula comprou briga com Maduro
O presidente brasileiro foi humilhado pelo venezuelano, segundo o embaixador Paulo Roberto de Almeida
Desde que o Brasil bloqueou o convite para a ditadura da Venezuela integrar o grupo de parceiros do Brics, Nicolás Maduro tem lançado petardos contra Lula e o assessor especial Celso Amorim.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, afirmou nesta quarta, 30, que solicitará ao Parlamento a declaração de Amorim como persona non grata.
Em comunicado oficial, Amorim já foi chamado de mensageiro do imperialismo americano e agente da CIA.
Maduro já mandou Lula tomar chá de camomila, depois que o presidente disse ter ficado assustado com declarações do ditador, ameaçando um banho de sangue no país caso perdesse a eleição de 28 de julho.
Em momento algum o governo brasileiro condenou a fraude eleitoral, criticou as violações de direitos humanos ou reconheceu a vitória do opositor Edmundo González Urrutia.
As razões, portanto, são outras.
Vingança pessoal
Para o embaixador Paulo Roberto de Almeida, a decisão do Brasil de impedir a entrada da Venezuela no Brics tem como motivo uma vingança pessoal de Lula.
"Isso nada tem a ver com quaisquer motivos nobres, mas com uma vingança pessoal de Lula. Ele foi humilhado diversas vezes por Maduro e seus comparsas, e isso repercutiu na imprensa mundial. Maduro simplesmente desprezou os pedidos de Lula, enviados por meio de Celso Amorim, e se se recusou a falar pelo telefone. O ditador tripudiou tudo o que pode, diminuindo ainda mais a imagem de Lula, que se achava o líder da América Latina. Enfim, Maduro atingiu o fígado de Lula, que comanda uma diplomacia muito personalista", diz Paulo Roberto de Almeida.
O bloqueio brasileiro da Venezuela no Brics acabou levando a um impasse em que as possibilidades de solução são limitadas.
Cortar totalmente as relações está fora de questão, uma vez que há muitos brasileiros vivendo na Venezuela e que seis dissidentes venezuelanos estão vivendo na Embaixada da Argentina, agora custodiada pelo Brasil.
"Ao ser tolerante com o louco do Maduro, Lula criou para si mesmo um impasse. O mundo inteiro, o Ocidente e o 'Sul Global' sabem que foi o Brasil que vetou a Venezuela na listinha de Putin e Xi Jinping. Putin também armou contra o Brasil, pois poderia ter dito a Maduro que não fosse para o encontro do Brics em Kazan. Esse assunto atingiu fortemente um dos caros projetos de Lula: ter o Brics como o seu clube mundial preferido", diz Almeida.
Excesso de países
Outra possível razão para o Brasil ter bloqueado a Venezuela é um incômodo com o excesso de países no grupo.
Quanto mais integrantes no Brics, menor o poder relativo do Brasil.
Celso Amorim deu entrevistas afirmando que a preocupação brasileira é com o excesso de membros.
“Eu não defendo a entrada da Venezuela. Acho que tem que ir devagar. Não adianta encher o Brics de países, senão daqui a pouco cria-se um novo G77″, disse ele, em referência à coalizão de 77 países em desenvolvimento que, muito raramente, atua em conjunto na ONU (atualmente são 134 países).
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