Valeixo contraria Bolsonaro: PF do Rio era produtiva quando presidente pediu troca
O depoimento do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo (foto), confirma os episódios de pressão do presidente Jair Bolsonaro sobre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, por trocas no comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro e em Pernambuco. O delegado, no entanto, diz desconhecer uma eventual motivação para as movimentações...
O depoimento do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo (foto), confirma os episódios de pressão do presidente Jair Bolsonaro sobre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, por trocas no comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro e em Pernambuco. O delegado, no entanto, diz desconhecer uma eventual motivação para as movimentações do presidente. Ele ressalta que em "nenhum dos casos foi apresentado nenhuma razão que justificasse a substituição".
Valeixo diz ter sido consultado por Moro em junho de 2019 sobre "a possibilidade de troca do superintendente do Rio de Janeiro", Ricardo Saadi por Alexandre Saraiva, superintendente no Amazonas. No entanto, o ex-diretor-geral diz não saber "por quais relações o presidente da República teria sugerido aquele nome" e nem se "o presidente mantinha laços de amizade" com Saraiva.
Segundo Valeixo, o próprio superintendente do Amazonas afirmou não ter participação na escolha e "se desculpou pelo inconveniente gerado". Valeixo ainda relata ter dito a Moro que o próprio Saadi também teria interesse em deixar o Rio. O ex-diretor-geral confirma ter indicado o nome de Carlos Henrique Souza a Moro.
As pressões do presidente em 2019 pela saída de Saadi foram relatadas por Moro em depoimento. Bolsonaro, à época, também afirmou publicamente que queria trocar o superintendente do Rio, e alegou que o motivo seria sua produtividade.
Em depoimento, Valeixo, assim como Moro, afirma que "ao contrário do que foi falado pelo Presidente da República, a superintendência do Rio teria se destacado naquele ano, conforme índices de produtividade operacional, tendo subido diversas posições em relação ao ano anterior".
Outro ponto em que o depoimento de Valeixo corrobora o de Moro é sobre uma segunda pressão para a troca de Carlos Henrique de Souza, substituto de Saadi, em março de 2020, quando ambos estavam em viagem nos Estados Unidos. Moro diz ter recebido uma mensagem na qual Bolsonaro sugeria ficar "apenas" com a superintendência do Rio, enquanto o ministro teria as "outras 27".
Segundo Valeixo, na ocasião, o "ex-ministro Moro pediu para conversar de forma reservada, momento em que o ex-ministro lhe transmitiu o desejo do presidente da República em mudar o superintendente do Rio de Janeiro novamente".
Em outro episódio, Moro teria levado a Valeixo um pedido do presidente pela mudança na chefia da PF em Pernambuco. A questão estaria em torno do fato de a delegada Carla Patrícia já ter ocupado cargos no governo Paulo Câmara, onde foi corregedora na Secretaria da Defesa Social.
Valeixo afirma ter dito a Moro que, com Patrícia à frente do cargo, "foi o período em que mais houve operações".
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