Trump quer acabar com os balanços trimestrais das empresas
A proposta de Trump afetaria a eficiência administrativa, exigência de transparência, prontidão e proteção dos investidores

Donald Trump criou uma polêmica ao questionar a frequência de divulgação de resultados financeiros das empresas listadas nos Estados Unidos, propondo que passem a reportar apenas semestralmente, em vez de trimestralmente.
A mudança, divulgada em uma publicação na sua rede social Truth Social, sustenta que as exigências atuais geram custos que poderiam ser mitigados, permitindo que executivos dediquem mais atenção a estratégias de longo prazo, não apenas a metas trimestrais.
Atualmente, exigências regulatórias da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, obrigam empresas públicas a apresentar relatórios trimestrais e anuais.
Trump argumenta que essa periodicidade gera pressão de curto prazo, contrastando com uma visão "de 50 a 100 anos", como ele atribuiu à China, e que seria mais alinhada ao que advoga para o desenvolvimento corporativo nos EUA.
Por outro lado, críticos destacam que relatórios trimestrais são mecanismos essenciais de transparência.
Eles fornecem pistas regulares sobre desempenho financeiro dessas companhias, ajudam os investidores a reagir rapidamente a eventos imprevistos, como litígios, mudanças regulatórias, choques de mercado etc., e reduzem assimetrias de informação.
"É inútil", diz o economista-chefe da LEV Asset, Jason Vieira. "Não há uma demanda das empresas para que os balanços sejam semestrais. Já há todo um sistema para a apresentação desses resultados, trazendo mais segurança para os investidores".
Também há implicações práticas e econômicas: mudanças nessas obrigações de divulgação poderiam afetar pequenos investidores, cujas decisões dependem de relatórios recentes, poderiam alterar incentivos de analistas.
Outro ponto seria o impacto no custo de capital das empresas, ao aumentar incertezas e as ações poderiam sofrer maior volatilidade.
Quanto à viabilidade dessa iniciativa se concretizar, embora a SEC tenha autoridade para alterar exigências regulatórias sem necessidade de criar uma lei nova, qualquer proposta precisa passar por consulta pública, avaliação de custo-benefício e deve considerar os efeitos colaterais.
A proposta de Trump, que não parece fruto de muita reflexão, se levada adiante, afetaria o equilíbrio entre fatores como eficiência administrativa, foco estratégico no longo prazo, exigência de transparência, prontidão e proteção dos investidores.
Haveria ainda possíveis repercussões significativas para práticas contábeis, regulação do mercado e percepção de risco pelas empresas.
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