Trump pressiona Kennedy Jr. a moderar discurso antivacina
Para NYT, divergências sobre vacinas e crise no CDC expõem atritos entre Trump e Robert F. Kennedy Jr., apesar de discursos de alinhamento

A relação entre o presidente Donald Trump e o secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. atravessa um momento de tensão, com divergências em torno de vacinas e turbulências na condução do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), aponta o New York Times.
Embora ambos mantenham discurso público de alinhamento, episódios recentes revelam pressões internas e desafios políticos na gestão de um dos ministérios mais visíveis do governo.
Kennedy, figura de alto perfil e crítico histórico das vacinas contra a Covid-19, evitou inicialmente confirmar a afirmação de Trump de que “vacinas funcionam, pura e simplesmente”, cedendo apenas após insistência da imprensa.
O episódio ocorreu no lançamento do segundo relatório da iniciativa Make America Healthy Again” (MAHA), voltada a combater doenças crônicas infantis.
A ocasião evidenciou um conflito potencial: enquanto Trump se orgulha da Operação Warp Speed, responsável pela rápida produção dos imunizantes em seu primeiro mandato, Kennedy mantém retórica que contraria parte dessa narrativa de sucesso.
O desgaste foi ampliado pela demissão de Susan Monarez do comando do CDC apenas um mês após sua confirmação no Senado, seguida pela saída de três altos funcionários.
Embora a Casa Branca tenha minimizado o impacto, aliados confirmam que o presidente se irritou com a repercussão negativa.
Enquanto isso, assessores enviaram recados a Kennedy pedindo moderação no tom sobre vacinas, motivados tanto por preocupações políticas quanto por dados de opinião que mostram amplo apoio da população a imunizações infantis tradicionais.
A relação entre os dois, no entanto, é marcada por conveniência estratégica e afinidades políticas. Kennedy trouxe parte de sua base eleitoral para Trump e ganhou, em troca, espaço inédito para pautar políticas públicas.
Os dois compartilham desconfiança em relação ao mundo acadêmico e à burocracia federal, e cultivam a imagem de não fazem parte do sistema político tradicional e que desafiam os interesses de grupo estabelecidos.
No Congresso, sinais de desgaste começam a surgir, com representantes da bancada republicana criticando a postura de Kennedy sobre imunizações.
A Casa Branca mantém, ao menos formalmente, total confiança no secretário, mas a ausência de Trump no evento de divulgação do relatório MAHA e as mensagens ambíguas do presidente sobre vacinas reforçam a sensação de que essa parceria, embora útil para os dois, enfrenta um teste político importante em um tema que divide eleitores e afeta a credibilidade da agenda de saúde do governo.
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