Trump discute com Powell sobre orçamento de obra no Fed
Gastos com construção de prédio alimentam nova etapa da pressão do presidente dos EUA sobre o chefe do Fed

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, protagonizaram uma conversa tensa diante de repórteres nesta quinta, 24.
O episódio ocorreu durante uma visita do republicano a um dos prédiosdo banco central americano em construção, na capital Washington.
Trump questionou os alegados estouros no orçamento para as obras:
"Os estouros de orçamento do projeto já ultrapassaram US$ 3,1 bilhões", afirmou.
Powell balançou a cabeça em sinal de discordância e respondeu:
"Ninguém me disse esse número. Eu não ouvi isso de nenhuma pessoa do Fed."
O presidente do Fed explicou que Trump estaria incluindo nas contas o custo da um terceiro prédio o qual, segundo ele, já foi concluído.
Trump insistiu:
"É uma construção que está sendo feita", afirmou.
Powell negou novamente:
"Não, é um prédio que foi construído há cinco anos. Nós terminamos o Martin [prédio] há cinco anos", disse.
Trump pergunta:
"Faz parte do trabalho geral Vamos ver o que está acontecendo. Há muito o que revisar. Você espera mais algum adicional?"
Powell: "Não espere por eles. Estamos prontos para eles, mas temos uma pequena reserva que podemos usar, mas não, não esperamos terminar em 2027. Estamos bem avançados, como você pode ver."
Pressão política?
Trump foi o quarto presidente dos Estados Unidos a visitar a sede do Federal Reserva.
A ida do republicano ao local foi interpretada como parte da campanha dele para pressionar Powell a reduzir as taxas de juros ou a renunciar ao cargo.
"Eu adoraria que ele [Powell] reduzisse as taxas de juros", disse Trump, dando um tapa nas costas do presidente do Fed.
Taxas de juros
As críticas de Trump sobre o trabalho de Powell tiveram início em abril, quando o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, havia ventilado a possibilidade do presidente americano removê-lo do cargo.
No entanto, a demissão do presidente do Fed só é permitida “por justa causa”. Especialistas interpretam essa cláusula de maneira restritiva, aplicável apenas em casos de má conduta ou incapacidade, não abrangendo divergências políticas.
Em junho, Powell decidiu manter a taxa de juros do país na faixa de 4,25% a 4,50% por ano pela quarta vez consecutiva.
Insatisfeito com a decisão, Trump reagiu novamente:
"Jerome “Too Late” Powell e todo o seu Conselho deveriam se envergonhar por permitir que isso acontecesse com os Estados Unidos. Eles têm um dos empregos mais fáceis, porém mais prestigiosos, dos Estados Unidos, e eles FALHARAM— e continuam falhando”, escreveu em sua rede Truth Social.
Como argumento, ele compartilhou uma lista comparando as taxa de juros aplicadas em diferentes países no mundo, apontando que os Estados Unidos ocupam a 35ª posição no ranking global, mas deveriam estar entre os seis primeiros, na faixa de 1,75% por ano.
Repetindo a retórica de Lula - que culpava o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela alta da taxa Selic, o republicano alegou que o Fed, “se estivesse fazendo seu trabalho corretamente”, faria os Estados Unidos economizarem “trilhões de dólares de juros”.
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