Trump deixou a porta aberta para Lula?
A questão agora é se o governo brasileiro está ou não disposto a fazer concessões para chegar a um acordo com os Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou em seu discurso na 80ª Assembleia-Geral da ONU nesta terça, 23, que estaria disposto a conversar com o presidente Lula na próxima semana.
A fala abre a possibilidade de que os dois países cheguem a um acordo sobre o tarifaço, sobre a imposição da Lei Magnitsky e sobre o cancelamento de vistos americanos para autoridades brasileiras.
Trump e Lula são dois presidentes ególatras, adeptos da diplomacia presidencial, segundo a qual o encontro presencial entre chefes de governo pode avançar negociações e resolver tensões.
Segundo essa concepção, o carisma pessoal vale mais que as negociações longas burocráticas entre diplomatas.
No seu primeiro mandato, Trump foi até a Coreia do Norte para apertar a mão do ditador Kim Jong-un. Este ano, convidou o ditador Vladimir Putin para uma reunião no Alasca.
Nos últimos dias, Lula admitiu que não tentou ligar para Trump. O petista estava se beneficiando com a falta de comunicação.
O presidente brasileiro estava usando o discurso da defesa da soberania e do antiamericanismo para ganhar aprovação interna — no que foi muito bem-sucedido.
A fala de Trump nesta terça, 23, embute uma nova oportunidade para Lula.
Caso o presidente brasileiro consiga algum acordo, ele poderá dizer que peitou Trump, defendendo os interesses brasileiros.
Um acordo ainda enfraqueceria os integrantes da direita que estão se aliando aos Estados Unidos e promovendo ações contra o Brasil.
Vale lembrar que Lula já teve ótimas relações com o presidente americano George W. Bush, também do Partido Republicano.
Concessões
Para avançar nessas negociações, contudo, o governo brasileiro precisaria fazer concessões.
Entre as concessões possíveis estão parar de importar petróleo e gás natural da Rússia (financiando, assim, a máquina de guerra de Vladimir Putin), esquecer de taxar as empresas de tecnologia (big techs) americanas, pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar contas de redes sociais, ceder a exploração de minerais raros e reduzir impostos de produtos americanos.
Uma redução de pena a Jair Bolsonaro em um "PL da Dosimetria", que está sendo discutido no Congresso, também poderia despertar bons sentimentos em Washington.
Na segunda, 22, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura, que a redução das penas aos envolvidos no 8 de janeiro poderia ocorrer com uma decisão legislativa.
A questão agora é se o governo brasileiro está ou não disposto a fazer essas concessões para chegar a um acordo.
Caso o governo brasileiro aceite as condições, então a pergunta seguinte será se Trump, em nome de um bom acordo, aceitará rifar Bolsonaro.
Excelente química
Na Assembleia-Geral da ONU, Trump afirmou:
"Eu estava entrando aqui e o presidente do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nós nos abraçamos. Acredita nisso? Nós combinamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Nós não teremos muito tempo para falar, talvez uns 20 segundos", afirmou o americano.
"Ele me pareceu um bom homem, na verdade. Ele gostou de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com pessoas que eu gosto. Quando eu não gosto, eu não gosto. Mas tivemos ao menos 39 segundos de química excelente. Esse é um bom sinal."
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Comentários (1)
Eliane ☆
2025-09-23 14:49:53Duas cobras criadas.