Telegramas revelam ações subversivas cubanas no Brasil
Arquivos secretos divulgados por Trump mostram que Fidel Castro enviou dinheiro e armas para deflagrar outras revoluções na América Latina

O presidente americano Donald Trump ordenou no início deste ano a retirada do sigilo de diversas mensagens enviadas por diplomatas e membros de agências de inteligência sobre o assassinato do presidente John Kennedy.
Entre as mensagens que são da década de 1960, ao menos três falam sobre o Brasil.
Os documentos detalham como a Cuba comunista atuou para realizar uma revolução no Brasil antes do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart (foto).
"Voluntários" para Leonel Brizola
Em uma mensagem da Agência Central de Inteligência, CIA, enviada em 2 de setembro de 1961 do Rio de Janeiro, a fonte é "um professor brasileiro, com bons contatos entre os líderes estudantis comunistas".
O texto afirma que as ditaduras da China e de Cuba ofereceram ajuda ao governador gaúcho Leonel Brizola, que tentava garantir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros.
"Durante a semana de 27 de agosto, o líder do Partido Mao Tsé-tung da China Comunista e o premier Fidel Castro de Cuba ofereceram suporte material, incluindo 'voluntários' para Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, que estava liderando um esforço no Brasil para garantir a posse na Presidência do vice João Goulart, após a renúncia do presidente Jânio Quadros", diz o telegrama.
"Brizola não aceitou a oferta, embora ele tenha agradecido o apoio moral, porque ele não quer 'criar um problema internacional' na crise política brasileira", afirma a mensagem.
O breve telegrama termina com um comentário: "Brizola obviamente estava preocupado de que, se ele aceitasse a oferta, os Estados Unidos poderiam intervir. A oferta de ajuda por Castro vazou para a imprensa, mas a de Mao não".
"Abrir uma brecha"
Outro documento da CIA, de junho de 1964, detalha as ações da ditadura comunista de Fidel Castro.
"O potencial cubano de subversão na América Latina continua alto", diz o texto, escrito quando o Brasil já estava sob a ditadura militar.
Em um discurso em 26 de julho de 1963, Castro tinha dito que Cuba seria a "principal fonte de inspiração e orientação para revoluções inevitáveis no resto da América Latina."
Castro acreditava que revoluções como a de Cuba poderiam acontecer em muitos países da região.
Os militantes, segundo ele, deveriam aproveitar a oportunidade e "abrir uma brecha".
"Muitas outras revoluções podem aparecer no continente", teria dito Castro, segundo o documento.
Aulas de "agricultura" em Cuba
O texto fala que o esforço de Cuba para iniciar outras revoluções tinha sofrido alguns reveses.
"A revolta de abril em que o presidente Goulart do Brasil foi deposto (golpe de 1964) também foi uma derrota grave para Havana. Esses reveses podem ter produzido um sentimento em Havana de que uma pausa para descanso é necessária. Além disso, Castro deverá ser cuidadoso e moderar suas táticas revolucionárias quando visitar a União Soviética, em janeiro", diz o texto.
A mensagem afirma que estudantes que viajavam para Cuba com a desculpa de aprender "agricultura" estavam na realidade aprendendo táticas de guerrilha.
Eles aprendiam a mexer com equipamentos de comunicação, modos de obter informações de inteligência a partir de agricultores e treinamento em rifles e armas pequenas.
Ligas camponesas
Um congresso da Confederação Única dos Trabalhadores da América Latina (Cutal) foi realizado em janeiro de 1964, em Brasília, com o objetivo de disseminar propaganda cubana. Mas o evento não deu certo.
"Esse congresso brasileiro foi um fracasso total, então é incerto se num curto prazo a Cutal possa fornecer a Havana o tipo de organização desejado", diz o texto.
Na Argentina, os cubanos estavam se aproximando de grupos "peronistas de extrema esquerda".
No Brasil, Cuba estava realizando um esforço subversivo que incluía "fornecimento de fundos, treinamento de guerrilha e apoio de propaganda para grupos comunistas e pró-comunistas".
"Operando principalmente por meio da embaixada no Rio de Janeiro, Havana colaborou de perto com as Ligas Camponesas de Francisco Julião no nordeste do Brasil e com Leonel Brizola, o cunhado agressivamente antiamericano de Goulart. O ex-embaixador cubano privadamente descreveu Brizola como tendo a melhor chance de começar uma revolução no estilo castrista no Brasil. O embaixador parecia mais inclinado a apoiar Brizola do que Julião no final de 1963 até o golpe de abril", diz o texto.
Dinheiro para o Brasil
Cuba também estava financiando atividades na imprensa e no rádio e ajudando a comprar armas para a Frente de Mobilização Popular, que pressionava João Goulart a adotar reformas de esquerda. Brizola foi um dos seus principais líderes.
O documento fala de relatos dizendo que, "cerca de dez dias antes da deposição de Goulart, Havana mandou dinheiro para o Brasil em um esforço para fortalecer as forças de Brizola. Quatro mensageiros cubanos levaram dinheiro ao Brasil".
"Cuba também mantém uma operação substancial de propaganda no Brasil, principalmente por meio de um escritório local da Prensa Latina", afirma o texto.
O Prensa Latina, aliás, ainda existe e mantém um site em português para o público brasileiro.
"Um membro do Partido Comunista da Bahia revelou, por exemplo que um jornal comunista local era financiado por Cuba. O número de instituições culturais cubano-brasileiras tem aumentado a ponto de cobrir todas as principais cidades. Só no Rio há sete. (...) Cuba também transmite diariamente para o Brasil em português", diz o documento.
Área de trânsito
Durante o governo de João Goulart, o Brasil também teria sido usado como área de trânsito por "subversivos" que tinham feito treinamento em Cuba e estavam retornando para os seus países.
"No final de abril, o dissidente Partido Comunista do Brasil (PCB), que segue uma linha pró-China, ordenou dois líderes treinados em Cuba a começar operações paramilitares em São Paulo e Goiás. Os membros do PCB foram encorajados pelos seus camaradas cubanos — podem ter sido treinados em Cuba —, mas não sabemos se Havana deu apoio direto", afirma o documento da CIA datado de 4 de junho de 1964.
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Comentários (2)
Manoel Antonio Da Fonseca Couto Gomes Pereira
2025-03-19 19:23:57Onde estão os nomes dos bons patriotas brasileiros, que além do traidor à pátria Brizola,apoiaram essas atividades de Cuba? É importante que apareçam para o julgamento da História.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2025-03-19 15:56:24Dom Ratón, que arrasou o meu RJ, na cama com canalhas desde sempre.