STF usa esquema de segurança para mandar mensagem
Não há ameaça atual às instalações da Corte. Encenação com viaturas e policiais serve apenas para sustentar a narrativa de Alexandre de Moraes

O Supremo Tribunal Federal (STF) montou um esquema de segurança excessivo para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus na trama golpista, que começou na terça, 2.
De acordo com a estatal Agência Brasil, "desde o mês passado, cerca de 30 agentes da Polícia Judiciária foram enviados de diversos estados e outros dormem na sede do tribunal, em dormitórios montados para que fiquem de prontidão".
"Entre as precauções, houve também varreduras repetidas no edifício do Supremo e também na casa dos ministros da Primeira Turma, que, além de [Alexandre de] Moraes, é composta por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino", diz o texto.
Jornalistas que foram obrigados a pular da cama mais cedo esta semana para passar pelas várias barreiras de segurança descreveram em pormenores todo o esquema que foi montado.
Viaturas e motos policiais foram estacionadas em frente ao prédio da "Igrejinha", onde se reúne a Primeira Turma (foto).
Mas não há nenhuma ameaça atual ao STF.
Não há turbas com camisetas verde e amarelo da Seleção cercando o prédio.
Não foram agendadas manifestações nas redes sociais.
Não foram organizadas viagens ônibus para levar manifestantes à Brasília.
Não há homens armados de rojões e bombas caseiras se aproximando da estátua da Justiça.
Toda a encenação foi montada para sustentar a narrativa dos ministros, especialmente do relator do caso, Alexandre de Moraes.
Exagero
Moraes — que aparece como vítima da trama golpista, mas também atua como acusador, relator e juiz — quer vender a ideia de que a democracia brasileira está sob ameaça e precisa ser defendida.
"O caminho da omissão deixa cicatrizes traumáticas na sociedade e corrói a democracia", disse Moraes.
"Não é possível confundir a saudável e necessária pacificação com a covardia do apaziguamento, que significa impunidade e desrespeito à constituição federal e mais significa incentivo a novas tentativas de golpe do Estado."
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, iniciou sua fala na mesma linha de Moraes.
"É chegada a hora do julgamento pela mais alta Corte do país em que a democracia no Brasil assume a sua defesa ativa contra tentativa de golpe apoiado em violência ameaçada e praticada. Nenhuma democracia se sustenta se não contar com efetivos meios para se contrapor a atos orientados à sua decomposição belicosa, ultrajante dos meios dispostos pela ortodoxia constitucional para dirigir o seu exercício e para gerir a transição do poder político", afirmou Gonet.
O enorme esquema de segurança é desnecessário, mas útil para os ministros que querem passar uma mensagem à população.
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