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Sob Bolsonaro, a consagração do fisiologismo: o Centrão está oficialmente no poder

O acordo entre o Centrão e o Palácio do Planalto para garantir a eleição do deputado Arthur Lira, do Progressistas, começou a ser sacramentado no dia 23 de abril do ano passado, quando o parlamentar divulgou um vídeo gravado no gabinete presidencial. Nas imagens, ele aparece sorridente ao lado de Jair Bolsonaro, em um clima...

Crusoé
5 minutos de leitura 02.02.2021 07:31 comentários 10
Uma denúncia que liga os senadores Flávio Bolsonaro, Ciro Nogueira e o presidente da Câmara, Arthur Lira, a um contrato milionário do Ministério da Saúde pode virar o novo foco de investigações da CPI da Covid

O acordo entre o Centrão e o Palácio do Planalto para garantir a eleição do deputado Arthur Lira, do Progressistas, começou a ser sacramentado no dia 23 de abril do ano passado, quando o parlamentar divulgou um vídeo gravado no gabinete presidencial. Nas imagens, ele aparece sorridente ao lado de Jair Bolsonaro, em um clima amistoso. “Estamos juntos, hein, valeu”, disse o presidente, em um recado a familiares de Lira. “São grandes fãs, toda hora me pediam isso”, justificou o parlamentar tiete. O vídeo oficializou para o público um acerto que já era conhecido nos bastidores. O pacto entre o presidente da República e os partidos mais fisiológicos do Congresso trouxe vantagens para ambos: Bolsonaro conseguiu se livrar das ameaças de impeachment, passou a ter sustentação no Congresso e os aliados de Lira ganharam generosos espaços na Esplanada. A eleição do líder do Progressistas para o comando da Câmara, impensada naquele 23 de abril, coloca agora o Centrão em um novo patamar: o grupo está oficialmente no poder.

Novamente premido pela segunda onda de pedidos de impeachment, Bolsonaro terá que ampliar a oferta de cargos e emendas a quem garantiu a ascensão de seu aliado. Parlamentares que ajudaram de forma decisiva na eleição de Arthur Lira já se preparam para a iminente reforma ministerial e para a redistribuição de cargos estratégicos em Brasília e nos estados.

Aliados de Jair Bolsonaro, entretanto, não escondem o receio de que o presidente fique refém do toma lá dá cá estruturado nos últimos meses. Afinal, o Centrão pode até abandonar o governo, caso a revolta popular contra o presidente recrudesça, mas Bolsonaro terá que se manter fiel ao grupo até descer a rampa do Planalto.

Além da vitória na Câmara, o presidente conseguiu ainda emplacar seu candidato no Senado Federal. Rodrigo Pacheco, do DEM, foi escolhido por Davi Alcolumbre, mas ganhou a simpatia nos gabinetes palacianos ao se comprometer com as demandas do presidente, sobretudo com a garantia de proteção ao senador Flávio Bolsonaro, do Republicanos, recém-denunciado no escândalo do rachid operado por Fabrício Queiroz em seu antigo gabinete na Alerj.

Assim como na Câmara, a eleição do Senado também envolveu um pacto entre o Planalto e o Centrão: todos os partidos do bloco declararam apoio a Pacheco. No tapete azul, entretanto, as alianças foram ainda mais amplas e esdrúxulas: além de bolsonaristas, o parlamentar do DEM contou com os votos de partidos de esquerda, como o PT e o PDT.

O forte poder político e benesses com direito a mansão funcional, motorista e jatinhos da FAB não são os únicos atrativos dos cargos. Os presidentes da Câmara e do Senado influenciam os rumos da República porque têm a prerrogativa de definir a agenda do Congresso. Eles estabelecem a ordem do dia e a inclusão dos projetos que serão votados no plenário da casa. Podem acelerar a votação de temas de interesse de colegas e do Planalto, ou segurar eternamente propostas que desagradam à maioria.

O texto que acaba com o foro privilegiado é um exemplo disso: apesar de estar pronto para ir a plenário há mais de três anos, jamais foi pautado por Rodrigo Maia. Ao mesmo tempo, o deputado do DEM conseguiu barrar o andamento da chamada pauta de costumes. Agora, a expectativa de Jair Bolsonaro é conseguir pautar temas caros a seu eleitorado, como a ampliação das possibilidades de porte de armas, por exemplo.

O presidente da Câmara também tem a prerrogativa de dar andamento a pedidos de impeachment. Rodrigo Maia deixou 62 deles na gaveta que será herdada por Arthur Lira. O líder do Centrão não deve arquivá-los de uma vez. Assim como fez Eduardo Cunha, de quem herdou o título de líder do Centrão, Lira deve deixá-los dormitar nos escaninhos da presidência da casa, como um alerta para que Bolsonaro cumpra seus compromissos com o grupo.

O acerto entre Bolsonaro e os aliados de Lira envolve ministérios com verba, caneta e tinta e visibilidade nacional, como a pasta da Cidadania, atualmente sob o comando de Onyx Lorenzoni. O ministério é responsável pela gestão do Bolsa Família e deve voltar a distribuir em breve o auxílio emergencial, pauta considerada prioritária no Congresso Nacional. Mas um dos principais focos de interesse dos parlamentares é o pagamento de emendas. A menos de dois anos das eleições, os deputados e senadores querem apresentar obras ao eleitorado. Para isso, contarão com o poder de pressão de Lira sobre o Planalto. De olho em 2022, e com a popularidade em queda, em razão da trágica condução da pandemia, Bolsonaro dificilmente irá contrariá-lo. É o Centrão, definitivamente, no poder.

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Comentários (10)

Cleusa

2021-02-04 18:39:56

Obras de interesse para os deputados, nem precisam ser de interesse da população.


Regina

2021-02-03 11:16:59

Bolsonaro e o Centrão juntos!Quem diria?


Sheila

2021-02-03 08:46:36

Bolsonaro é da mesma "laia" que Lula e Dilma. Todos farinha do mesmo saco. uma decepção, estamos continuamos sem perspectivas..


Gisele

2021-02-03 07:37:43

À conclusão que chego é que política é um nojo. Não há interesse real pelo país. Os poucos, que por ideal, se metem neste meio se machucam muito. E eles são muito poucos. Muito, muito triste. Para todos os lados que olhamos só se vê malandragem. Dá vergonha e um enorme desânimo.


Izeliana

2021-02-03 07:06:49

Nós povo, sabemos que Bolsonaro conduziu muito bem a gripe. Só Vocês imprensa vá diz tentam desmoralizar. Mas NINGUÉM acredita em vocês. COITADoS


Solange

2021-02-03 04:52:02

O crime governa o país há 500 anos


Heraldo Marques Figueiredo

2021-02-02 20:09:22

Esse é o centrão, vulgo covil de ladrões como o heleno definiu


Ivan

2021-02-02 18:28:04

Melhor centrão que esquerdão


Manoel

2021-02-02 15:51:40

Não adianta chorar, eleição sempre foi assim, só não vale perder.


Jorge

2021-02-02 15:26:49

Texto esplêndido, srta. Mader. Não se deixe intimidar pelos criminosos do Planalto!


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