Sindicatos, Lula? Contra quem?
Governo que lutava pela contribuição sindical terá de lidar com organizações acusadas de garfarem dinheiro dos aposentados

O presidente Lula foi eleito em 2022 com a ajuda dos sindicatos.
Em retribuição, prometeu a eles que se empenharia em recriar o imposto sindical, que foi eliminado com a reforma trabalhista do governo Michel Temer, em 2017.
No começo do seu terceiro mandato, o governo sugeriu criar uma "taxa" que seria cobrada dos trabalhadores, que teriam de dar o seu aval em assembleia.
A proposta não foi adiante.
STF
Em julho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal, STF, declarou a constitucionalidade da contribuição assistencial para trabalhadores não sindicalizados.
Formaram-se filas enormes nas portas dos sindicatos, de pessoas se recusando a pagar a tal contribuição.
Este ano, o governo Lula pretendia realizar uma nova investida.
O plano arquitetado pelo sindicalista Luiz Marinho, do Ministério do Trabalho, era que o deputado Luiz Gastão, do PSD do Ceará, apresentaria um projeto para voltar com o imposto.
O projeto já nasceria com apoio governamental.
INSS
O escândalo do INSS desta quarta, 24, mostra que não vai ser assim tão fácil ao governo Lula reabilitar os sindicatos.
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União acreditam que 11 associações e sindicatos garfavam um valor do pagamento do INSS de aposentados e pensionistas, sem que eles autorizassem a cobrança.
O desconto seria para que essas entidades oferecessem serviços, como planos de saúde e atendimento jurídico. Mas essas organizações nem sequer tinham estrutura para isso. Era tudo um golpe.
Entre as entidades listadas está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Sindinapi, que tem o irmão de Lula, José Ferreira da Silva, Frei Chico, como vice-diretor.
Contag
Outra é a Contag, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, que é um sindicato do campo.
A entidade compete com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, pela representatividade dos agricultores, embora não adote as invasões de terra como método.
Mas tanto a Contag como o MST são cabos eleitorais de Lula.
Líderes da Contag frequentemente se reúnem com o presidente petista (foto).
No último encontro, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, prometeu uma "prateleira de terras", para os sindicalistas.
A Contag ainda tem participado da elaboração e lançamento do programa Terra da Gente, de reforma agrária.
Sindicatos, Lula? Contra quem?
Leia em Crusoé: Todo poder ao MST
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