“Simplesmente monstruoso”, diz Yascha Mounk sobre relativizar o Hamas
A guerra aberta entre Israel e o grupo terrorista Hamas iniciada em outubro pôs a prova os limites do identitarismo político, também conhecido como cultura woke. Preponderante em parte da esquerda, em especial em universidades nos EUA e no Reino Unido, essa ideologia tende a reduzir a análise de qualquer conflito a uma questão de...
A guerra aberta entre Israel e o grupo terrorista Hamas iniciada em outubro pôs a prova os limites do identitarismo político, também conhecido como cultura woke.
Preponderante em parte da esquerda, em especial em universidades nos EUA e no Reino Unido, essa ideologia tende a reduzir a análise de qualquer conflito a uma questão de grupos identitários, seja racial, de gênero, ou outro.
O identitarismo é o tema do mais recente livro do cientista político americano Yascha Mounk, The Identity Trap (A armadilha da identidade), lançado em 2023.
Uma das principais referências sobre crise das democracias na atualidade, e tido como “o pensador favorito do [ex-presidente americano] Barack Obama”, Mounk participou da edição de Crusoé Entrevistas desta sexta-feira, 15 de dezembro.
O cientista político identificou o impacto da cultura woke no apoio ou na relutância em denunciar de parte da esquerda em relação ao Hamas, no âmbito do conflito em Gaza, em especial nos ataques terroristas de 7 de outubro.
Segundo Mounk, o identitarismo tende a forçar comparações entre fenômenos históricos específicos e o processo de formação dos EUA, bastião do wokismo no mundo.
“Pensa-se em termos de colônias e de colonos como historicamente foram os Estados Unidos… É um conflito histórico muito complicado o da Palestina, comparado ao daqueles colonos distantes que apareceram em um outro continente e tomaram terras”, disse.
No caso do conflito na Palestina, Mounk lembrou a relação histórica do povo israelense com a região.
Apesar de esse fato não justificar todo e qualquer ato israelense no conflito, ele inviabilizou uma comparação cega da situação na Palestina ao que aconteceu nos EUA.
“Não está completamente claro como é que os colonizadores [israelenses] são expulsos ao longo da última década de um país onde os seus antepassados viveram durante séculos”, afirmou Mounk.
“E Israel era o único país para onde muitos deles tinham o direito e a capacidade de ir”, acrescentou.
O cientista político ainda trouxe fatos históricos e demográficos para desmistificar a ilusão de que todos os cidadãos israelenses sejam “colonizadores” e os palestinos, terroristas ou civis inocentes, sejam “colonizados”.
Mais importante, Mounk criticoucomo esse falso maniqueísmo é usado para relativizar os atos terroristas do Hamas, como aqueles vistos em 7 de outubro, que deram início à atual guerra aberta.
“A ideia de que tudo isso [identitarismo] justifica matar um idoso livre que descende de uma família como essa [de refugiados judeus] é simplesmente monstruosa”, disse o cientista político.
Assista à integra da entrevista:
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